Until Dawn no PS5: vale a pena?
Until Dawn para PS5 e PC impressiona em vários momentos, mas apresenta sinais evidentes de falta de capricho
Desde quando foi anunciada para PS5 e PC, a atualização de Until Dawn despertou — mais uma vez — as discussões sobre um game ser ou não necessário. “Alguém pediu esse remake?” certamente foi algo que muitos leram ou escutaram nas redes sociais.
Em tom de crítica válida, a questão mais importante seria “esse remake se justifica?”. E apenas jogando ou conhecendo a fundo os conteúdos da nova versão você terá a capacidade de tirar tais conclusões. Mas vamos direto ao ponto.
No caso de Until Dawn, ele cai naquela área do “eu avisei”. Isso não quer dizer que o projeto da Ballistic Moon é desnecessário — apenas que não trouxe substância suficiente para ressurgir nos consoles modernos. E infelizmente isso é uma afirmação.
Mesma história, mas expandida
Nessa altura do campeonato, é impossível você nunca ter escutado algo sobre Until Dawn. Basicamente: um grupo de amigos trolla a dona de uma cabana nas montanhas Blackwood. Ela descobre a zoação, foge, esbarra com a irmã e ambas têm um destino trágico.
Um ano depois, os jovens são convidados pelo irmão das falecidas, Josh, para “se perdoarem” em um retiro que busca acabar de vez com as energias ruins deixadas pela fatalidade. Mas logo eles percebem na pele que algo de muito errado está acontecendo na região.
A versão de PS5 de Until Dawn reprisa a mesma narrativa, apresentando o grupo de personagens com visuais e movimentos refeitos. O destaque da atualização fica por conta das cenas inéditas, que podem ser encontradas por toda a campanha e oferecem profundidade.
Além de haver um novo final, o game traz diálogos adicionais, mais coletáveis e mudanças pontuais na interface. Porém, tudo isso é interessante apenas até certo ponto, pois as alterações não são de fato substanciais.
Os jogadores podem acompanhar um prólogo maior com Hannah e Beth, enquanto um final inédito sugere o desenvolvimento de Until Dawn 2. Porém, todas essas informações levam para um lugar que a comunidade já conhece desde 2015. Fica raso.
Obviamente a história é interessante e funciona bem como final, especialmente pelos personagens terem papeis e personalidades muito bem determinados. A sugestão de tomarmos as decisões também evita as chamadas “escolhas burras”, deixando tudo mais convincente.
Gameplay mais bonito que nunca
Os aprimoramentos visuais em Until Dawn são impressionantes — em termos de jogabilidade. Há nítidas melhorias de detalhes de cenários, dos efeitos de partículas e da modelagem de personagens, tornando os momentos “comandados” de cair o queixo.
A atmosfera do game original está lá, apesar de haver críticas da comunidade — infundadas, por sinal — sobre alterações na iluminação. Por mais surpreendente que seja, a versão de PS5 está macabra, tensa e muito, mas muito escura.
A experiência de gameplay também é enriquecida com um trabalho primoroso da Ballistic Moon em termos de áudio. Ruídos, gritos, vozes e sons ambientais são incríveis, principalmente se você estiver usando um headset com Tempest 3D.
Os movimentos dos personagens durante a exploração são excelentes e naturais. É muito fácil alguém chegar ao seu lago e confundir trechos jogáveis de Until Dawn com a realidade. Porém, preste atenção: focamos constantemente na expressão “jogabilidade”.
Quando partimos para as CGI ou transições, surgem os grandes problemas do game. As expressões faciais permanecem extremamente datadas e exageradas nesse aspecto. As interações com o psicólogo são estranhas e desproporcionais, assim como com Emily e Jessica.
A dublagem em português do Brasil permanece, mas é perceptível que não houve um trabalho de sincronização. Várias vezes você verá alguém abrindo a boca sem emitir qualquer tipo de fala. Isso é frustrante quando se fala em histórias interativas ou “filminhos”.
Além disso, Until Dawn sofre com bugs constantes. A perspectiva mais próxima dos personagens é uma vantagem em termos de cinematografia, mas foi mal implementada. Há bugs de afastamento e de aproximação de câmeras, assim como de movimento fixo.
A campanha do jogo de terror também apresenta falhas na renderização de objetos ambientais, problemas de iluminação via lanterna, teletransporte de personagens (mais pontual), travamentos em QTE e um recorte estranho na face de personagens durante as CGIs.
Hardware do PS5 brilha muito
Jogar Until Dawn com o DualSense é uma experiência única. Todos os recursos são compatíveis com o jogo, desde os mais profundos, como os gatilhos adaptáveis, quanto os mais simples, como as mudanças de coloração no LED.
Os gatilhos são ativados principalmente no combate. As armas apresentam resistência e garantem a sensação de impacto. Enquanto isso, o feedback tátil é acionado em cada movimento e faz os jogadores perceberem com maior fidelidade suas ações de exploração.
Until Dawn no PS5: vale a pena?
Seja você fã de terror ou não, a versão de PS5 de Until Dawn ainda não é feita para você. Não há como recomendar um remake que pouco se justifica, ainda mais em um estágio aparentemente incompleto, onde bugs e expressões faciais datadas frustram demais.
Os conteúdos adicionais são interessantes e dão mais camadas de profundidade, enquanto o gameplay está realmente impressionante. Porém, investir R$ 300 em um título que pouco mudou em termos de custo-benefício não seria o mais adequado.
Fica no ar que a Ballistic Moon e a Sony tiveram a intenção de agregar mais público ao jogo, levando-o também para PC. E não há nada errado disso: para visitantes de primeira viagem, Until Dawn permanece uma experiência sólida em termos narrativos. Mas apenas.
Until Dawn está disponível para PS4, PS5 e PC.
Veredito
Vantagens
- Visuais in-game estão incríveis
- Adições de cenas e de coletáveis trazem mais profundidade à história
- Atmosfera de terror impecável
- Suporte completo e eficiente aos recursos do DualSense
- Excelente sistema de áudio ambiental
Desvantagens
- Expressões faciais continuam cheias de bocas e dentes
- Vários bugs de renderização e em elementos visuais
- Inconstâncias gráficas nas CGIs
- Travamentos em QTE