Metaphor: ReFantazio: vale a pena?
Envolvente e "absolute gaming", Metaphor: ReFantazio estabelece o estilo personalike em aventura medieval inesquecível
Uma coisa não há como negar: a maratona de lançamentos da Atlus vem chamando a atenção nos últimos meses. Enquanto Persona foi reforçado com um remake e a elogiada expansão de Aigis, Shin Megami Tensei teve uma versão aprimorada de seu quinto jogo.
Sabemos bem o resultado de cada um desses games: todos super elogiados pela crítica e pelos fãs. E se as expectativas ainda não eram tão altas pela estreia de Metaphor: ReFantazio, a corrente de positividade por parte da comunidade mais fiel se manifestou e trouxe um resultado com o selo de qualidade da empresa.
Não é fácil apostar em uma propriedade original depois de estabelecer tão bem as franquias de JRPG. Mas felizmente, quando algo está em mãos competentes e regularmente inspiradas, as chances de acontecer contratempos são praticamente mínimas.
Começa a corrida pelo trono
O rei está morto. Assassinado em seu próprio quarto. O príncipe, seu sucessor, foi alvo de um atendado e, amaldiçoado, está impedido de assumir o que é seu por direito. Mas uma notícia surpreendente abala o reino de Euchronia.
Nos céus, uma figura semelhante ao antigo monarca surge. E como se representasse seus próprios desejos, ele anuncia: o novo rei será eleito pelo povo. A partir de agora, quem estiver interessado em sentar na cadeira deve conquistar, pela diplomacia ou força, apoio.
Eis então que, em meio a figuras da Igreja, da infâmia e da cultura local, um inesperado elda decide competir pela glória máxima. E motivado pelas mais puras razões envolvendo vingança e igualdade, ele abalará os países de Euchronia de forma nunca vista.
Metaphor: ReFantazio é um JRPG baseado em batalha por turnos e ambientado em um universo de fantasia. O título segue a fórmula da franquia Persona, introduzindo um amplo foco narrativo e mecânicas de vínculos sociais.
O título também estabelece o personalike como potencial novo estilo de jogo. Os melhores recursos da franquia aparecem no jogo, mas de forma adaptada e enriquecida através de um mundo profundo e de um ótimo desenvolvimento de personagens.
Além disso, fãs das histórias dos demônios podem esperar missões secundárias mais coerentes. Como a aventura exige que os jogadores se tornem reis por meio de ações altruístas, ajudar habitantes de Euchronia em diversos tipos de problemas faz muito sentido.
Outro destaque fica por conta da campanha. A história principal de Metaphor: ReFantazio leva facilmente mais de 70h para ser batida. Mas surpreendentemente esse tempo não passa de forma árdua: o excelente ritmo narrativo e o gameplay ajudam significativamente.
Mundo original e narrativa sobre temas delicados
O universo de Metaphor: ReFantazio é belíssimo. Os visuais do game são apresentados em três modelos gráficos: cell-shading no estilo Naruto Ninja Storm, animações em 2.5D em momentos centrais da história e belas cenas inspiradas em animes.
E falando em anime, não há como negar que Attack on Titan contribui muito para a criação do mundo. Diversas referências podem ser encontradas ao longo da campanha, mas as inúmeras pitadas de originalidade deixam a experiência mais imersiva.
São tribos, elementos de metodologia, colecionáveis e vários arquivos integrados à jogabilidade de Metaphor: ReFantazio. Até mesmo as informações tutoriais são reunidas na bela biblioteca de More, personagem misterioso e fundamental para a progressão.
Em entrevista exclusiva, o diretor do game, Katsura Hashino, comentou sobre as bases envolvendo a introdução do mundo. E nesse aspecto, há uma exploração profunda de temas delicados que adaptam não apenas o nome, mas o conceito por trás de sentimentos.
Entre eles, estão: melancolia, ansiedade, medos e traumas. A exposição de cada sensação gera poderes absolutos nos personagens principais de Metaphor: ReFantazio, permitindo que entidades conhecidas como Arquétipos deixem o casco.
Saem os demônios, entram os Arquétipos
Caso fosse preciso resumir o que seriam os Arquétipos de Metaphor: ReFantazio, a resposta mais fácil é: os equivalentes aos demônios. Essas representações das ansiedades e dos medos são as versões realmente poderosas de cada personagem da equipe.
A forma como eles são apresentados na campanha é impactante, mas o gameplay adiciona camadas e camadas de profundidade. São pouco mais de duas dezenas de Arquétipos, cada um contendo estatísticas, vantagens, fraquezas e adaptações.
Forma uma equipe pensando nessas entidades é essencial, pois agora eles podem atacar em conjunto, gerando poderes maiores conhecidos como sinergias. Além disso, há como adicionar habilidades personalizadas aos heróis e evolui-los.
Os Arquétipos aparecem a partir de grandes picos de emoção, mas podem ser utilizados por outros personagens por tabela. Dessa forma, as formações de build em Metaphor: ReFantazio se enriquecem muito, aliando-se a uma tonelada de armas e armaduras únicas.
Assim como ocorre em Persona, o game também inclui sistemas de combate conhecidos por fãs. Vários poderes resgatam nomes consolidados pela franquia de JRPG, enquanto outros poderes aparecem como algo inédito.
Tudo isso, aliado à excelente trilha sonora, à grande variedade de inimigos, às lutas visualmente impressionantes contra chefes e a batalhas mais dinâmicas e aceleradas, torna a experiência mais satisfatória em relação ao que é visto em Persona e Shin Megami.
Além disso, a Atlus adicionou uma ferramenta de hack ‘n’ slash para atordoar inimigos fora da batalha. Os movesets desse modo são convenientes e se ajustem às armas, exigindo que os jogadores conheçam seus movimentos (e dos inimigos) antes de aplicá-los.
Outra novidade no JRPG inclui a possibilidade de reiniciar batalhas a qualquer momento e já dentro do combate. Toda a memória de vantagens e fraquezas permanece e permite explorar novas abordagens, trocando os membros da equipe para obter benefícios.
Tempo que passa rápido
No geral, a experiência da campanha de Metaphor: ReFantazio é muito funcional. Pessoas mais exigentes não “passarão pano” para alguns furos duvidosos de roteiro, mas a história sabe onde quer chegar e instiga a todo instante.
A abordagem no jogo é bastante madura e lembra um pouco o que foi feito em Shin Megami Tensei V: Vengeance, mas agora em um mundo medieval mais estilizado.
E assim como nas franquias que lhe inspiraram, Metaphor: ReFantazio possui links sociais com diversos personagens e NPCs, missões secundárias, objetivos secretos, atividades envolvendo atributos do Protagonista e uma tonelada de conteúdos narrativos.
Enquanto isso, o calendário retorna, mas de forma menos punitiva. Não é necessário gerenciar rigorosamente as limitações do dia, mas entender mudanças climáticas e horários conscientemente podem lhe oferecer mais benefícios.
Metaphor: ReFantazio também inclui atividades paralelas para aprimorar separadamente estatísticas de vida e de mana. Além disso, o Trotador reserva interações que, se bem aproveitadas, deixarão sua equipe ainda mais poderosa.
É, de fato, um sistema de progressão rico que expandirá bastante o tempo da campanha, especialmente se você desejar obter a platina ou alcançar o máximo possível do jogo. E lembrando: há apenas um final. Dessa forma, as escolhas impactam apenas as recompensas.
Metaphor: ReFantazio: vale a pena?
Profundo, inspirado e extremamente rico em conteúdos, Metaphor: ReFantazio é mais um acerto da Atlus. Seja você fã ou não de JRPG por turnos, é impossível não se encantar pelo mundo de Euchronia e pelos seus bem desenvolvidos desdobramentos sociais.
O título é assertivo em relação às discussões humanas e se aproveita de elementos de jogabilidade de Persona para expandir as alternativas de exploração narrativa. E tudo isso apresentado por três estilos gráficos e textos e menus em português do Brasil.
Metaphor: ReFantazio é muito recomendado e surge como um dos grandes lançamentos de 2024. Ótimo custo-benefício, ele lhe renderá dezenas e dezenas de horas de jogabilidade, com conteúdos principais, paralelos e de endgame.
O título está com pré-venda disponível em mídia física e sai por R$ 350 em preço cheio. É muito fácil afirmar que você precisar ficar de olho nessa aventura medieval. Uma aposta certeira que vale a pena investir cada segundo do seu tempo.
Metaphor: ReFantazio será lançado em 11 de outubro para PS4, PS5, Xbox Series e PC.
Veredito
Vantagens
- Mundo envolvente e original
- Visuais belíssimos com três estilos de animação
- Excelente ritmo narrativo com missões secundárias coerentes
- Variedade gigantesca de armas, equipamentos e builds
- Adapta os melhores elementos da franquia Persona
- Sistema de rastreamento de masmorras muito funcional
- Mecânicas de ação em tempo real muito convincentes
- Ótimo desenvolvimento de personagens
Desvantagens
- Conveniências narrativas poderiam ser menos óbvias