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Star Wars Outlaws: vale a pena?

Tem fan service, tem o padrão Ubisoft e tem uma boa aventura; é o suficiente para fazer Star Wars Outlaws brilhar?

por Thiago Barros
Star Wars Outlaws: vale a pena?

“Nunca me diga as probabilidades”. Se havia muitas chances de Star Wars Outlaws flopar ou não atingir seu público-alvo, não importa. Se houve críticas durante o período pré-jogo (e algumas delas até com certa razão), menos ainda. Se a Ubisoft não vem caindo tanto assim no gosto da galera recentemente, e daí? As odds estão aí para serem desafiadas, certo, Han Solo?

Bom, e caindo no inevitável clichê, parece que a Força estava com os desenvolvedores do “primeiro game de mundo aberto” da história da franquia. Em entrevista ao MeuPS lá em Los Angeles, durante o Ubisoft Forward, eles já tinham avisado: os pilares do jogo seriam os sistemas de exploração e reputação, além do fofo, porém perigoso e bastante útil Nix – o verdadeiro protagonista.

Dito e feito: é isso mesmo. Por mais que haja problemas técnicos e gráficos abaixo do esperado em algumas coisas, Outlaws brilha como um dos melhores jogos de mundo aberto que a Ubi fez nos últimos tempos – e isso quer dizer alguma coisa. E, como os diretores também já haviam contado ao MeuPlayStation, ele é muito mais do que “só” Star Wars. É um jogo para todos.

Enredo bacana, missões interessantes, gameplay fluido e trilha sonora épica são alguns dos destaques. Contudo, é preciso destacar que os positivos são contrapostos pelos bugs e falhas técnicas (onde a Ubisoft parece não conseguir evoluir), além do visual decepcionante e de a narrativa não emplacar. No fim das contas, é tudo sobre ver o copo meio cheio ou meio vazio.

Contra tudo e contra todos

A história de Star Wars Outlaws é relativamente simples. Situada na janela de tempo entre O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, a aventura resume-se a uma mercenária que vai navegar pelo submundo do crime nas galáxias, cumprindo missões e se aliando/traindo os sindicatos para sobreviver.

Star Wars Outlaws (Foto: Thiago Barros)

Tudo começa com ela arrumando uma baita confusão contra o Zerek Besh – comandado por Sliro Barsha. Um dos mais poderosos grupos do universo, ele coloca uma recompensa pela cabeça da protagonista, que então precisa fugir de sua terra natal e embarcar nesta jornada perigosa e cheia de desafios para não perder a vida.

Neste cenário, ela encontra personagens fundamentais pelo caminho. Alguns a ajudam, outros a atrapalham, e ela faz o mesmo. Afinal, há outros grupos com os quais você precisa se relacionar – o Cartel Hutt, de Jabba, a Aurora Escarlate, de Lady Q’ira, o Sindicato Pyke, de Gorak, e o novo Clã Ashiga, em Kijimi.

Cada um tem suas características únicas e pode dar benefícios para Kay quando ela se aliar a eles, mas também perseguir a mercenária caso ela os traia ou simplesmente invada seus domínios. Isso gera uma dinâmica bem interessante no game, que tem a sua história linear e objetivos macro, porém brilha mesmo é neste aspecto de relacionamento, intriga e exploração.

Escolhas são fundamentais em Star Wars Outlaws

A trama te prende, assim como o gameplay. Explorar as diversas regiões com sua Speeder é incrível. Tanto pela diversão de passear pelos diferentes ambientes, quanto pelo que pode acontecer no mapa, como piratas tentando roubar civis, guardas do império cometendo seus tradicionais abusos e por aí vai.

Colecionáveis, segredos, inimigos super poderosos, desafios a serem realizados… Tudo isso faz parte da experiência com Star Wars Outlaws, que ainda tem um lado de batalha de naves e voos pelo espaço para completar tudo o que poderíamos esperar do tal “primeiro jogo de mundo aberto” da franquia.

Outro ponto bacana da mecânica do jogo é que Kay deve encontrar possíveis contatos que irão lhe ajudar a upar suas habilidades, criar novas skills e melhorar tanto sua arma quanto também seu companion. Há uma aba de “especialistas” no seu menu que é justamente para isso. O jogo também tem mecânicas diferentes de puzzles que são bem legais – como os cofres “ritmados”.

Mecânicas de puzzles em Star Wars Outlaws

É importante citar ainda a qualidade do trabalho de áudio do jogo. A localização completa para o português brasileiro, hoje, pode ser vista quase como uma obrigação já, mas aqui falamos de algo muito além disso. A trilha sonora, os efeitos, o clima que é criado com a ajuda do áudio é impressionante. De cinema, digamos assim.

Ah, e precisamos falar sobre o Sabacc. Que joguinho divertido! É um mini-game de “cartas” que pode fazer você perder um bom tempo no game – e até mesmo encontrar um personagem que você vai achar curioso. Inclusive, isso acontece em outros momentos também, com easter eggs bacanas, mas não vamos dar spoilers por aqui.

E claro que não é só Kay Vess que está contra tudo e contra todos em sua jornada pela galáxia. Star Wars Outlaws foi lançado com esse clima – debaixo de muitas críticas antes mesmo de suas avaliações serem divulgadas. A expectativa, inclusive, é de um desempenho de vendas bem abaixo do que deveria/poderia. Será que isso é justo?

Sabre (de luz) de dois gumes

Bom, por mais envolvente e divertido que Star Wars Outlaws seja, ele também tem falhas importantes. E não estamos nem falando daquele padrão Ubisoft dos bugs e travamentos – que, sim, estão lá. Personagens sumindo, missões que não podem ser ativadas onde deveriam, diálogos que travam, cutscenes que não rodam direito. Tudo isso está lá e prejudica a experiência.

Visual de Kay Vess é decepcionante

Mas vai além disso. Há coisas do jogo em si que não fazem lá tanto sentido. O level design, por exemplo, tem algumas soluções bacanas, como indicações de onde há ganchos, por exemplo, mas também sofre daquele velho problema de locais inacessíveis simplesmente por serem, enquanto outros muito parecidos permitem o acesso.

E o que dizer do sistema de combate? Em muitos momentos, a inteligência dos inimigos é meio duvidosa, mas para quem não gosta tanto do stealth é até bom, porque há um nível bem rigoroso deste elemento em muitas missões. Várias delas exigem que Kay cumpra seus objetivos sem ser detectada – o que, honestamente, é legal em alguns momentos, mas não toda hora.

Até porque o combate com armas é bem bacana. O único problema é que ele fica limitado apenas ao Blaster – arma criada para o jogo. Ele até tem várias opções de modificação, mas é bem chato não poder ter uma sniper ou uma metralhadora, porque elas existem no jogo, você consegue roubá-las dos inimigos, mas não guardá-las no seu inventário.

Stealth é o que guia o gameplay de Star Wars Outlaws

Se por um lado, a trama prende pelas ramificações, ela tem dois grandes problemas. O primeiro é que Kay é uma protagonista sem sal. Aliás, o grande protagonista é mesmo o Nix. O bichinho é incrível! Tanto por sua fofura quanto por toda a sua utilidade nas missões. Seja para roubar alguma coisa, atacar ou distrair os inimigos… É um baita companion!

O segundo é o fato de que a história não engrena. Sem spoilers, claro, mas já fica aqui o aviso: se você espera um grande momento, uma grande missão, algo épico, vai ficar esperando. Outlaws traz algumas quests divertidas, outras desafiadoras, só que no fim das contas não tem nada que dê aquele sentimento de “uau” que se espera de algo gigante como Star Wars.

No fim das contas, o que ficamos é com uma faca, ou melhor, um sabre (de luz) de dois gumes.

Jabba aparece em Star Wars Outlaws

A combinação de combate, exploração e mecânicas de furtividade oferece uma experiência variada e divertida? Sim. O stealth é básico e não evolui, com o combate ficando repetitivo? Também. Os ambientes são bem detalhados e capturam a essência da galáxia de Star Wars? Com certeza. O visual da protagonista e das cutscenes é meio esquisito? Definitivamente.​

A narrativa é envolvente, mantendo os jogadores investidos na jornadas​? Muito. A história é previsível e sente falta de grandes momentos? Com certeza. E aí: copo meio ou cheio ou meio vazio? É preciso beber desta fonte para opinar. Na avaliação do MeuPS, o gosto é um pouco mais doce do que azedo.

Star Wars Outlaws: vale a pena?

E já que estamos falando de Star Wars, nada como adicionar um elemento político, certo? Até porque, sem dúvidas, este jogo é um daqueles que vêm causando eternas discussões entre direita e esquerda na comunidade gamer nas redes sociais. É impossível passar batido por isso.

Star Wars Outlaws

Especialmente porque o pensamento da protagonista é muito mais alinhado a “quem não tem político de estimação”. Segundo ela, os Rebeldes são iguais a qualquer outro Sindicato e usam as pessoas tanto quanto o Império. E este é um ponto de vista pouco explorado dentro de Star Wars – o de quem não está de nenhum dos lados e prefere ficar alheio a isso tudo.

Sua missão é uma só: sobreviver. Independente do que está ao seu redor. E talvez este seja o grande acerto de Outlaws no macro. Ele é um jogo para todo mundo.

Fãs de Star Wars, muito provavelmente, vão amar o estilão meio Han Solo de Kay, a ambientação de cada região e os personagens famosos e referências que aparecem. Sem contar a baita trilha sonora, que faz jus ao que vemos nos cinemas durante todos esses anos.

Star Wars Outlaws

Quem não é, conforme os devs já haviam prometido, pode se interessar por conhecer mais a fundo este universo ou simplesmente só curtir um bom game de aventura. O que, no fim das contas, acaba sendo o que realmente importa. Star Wars Outlaws é um bom game da aventura. Então, sim, vale a pena.

Mas não dá para negar seus problemas – que não são poucos. Há falhas nos três principais pilares: narrativa, gameplay e gráficos. Nada que faça com que o jogo seja terrível ou algo para que os jogadores passem longe. Contudo, se você quiser esperar uma promoção, ninguém vai te julgar por isso. Nem mesmo o Império.

Veredito

Star Wars Outlaws
Star Wars Outlaws

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Ubisoft

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
78 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Nix.
  • História de Kay Vess te prende pelas premissas iniciais
  • Sistema de sindicatos e reputação é muito bem pensado
  • Gameplay é interessante, apesar de alguns "defeitos"
  • Sistema de contratos e sidequests é um dos melhores que a Ubi já fez
  • Variedade de regiões e possibilidades é bem impressionante
Desvantagens
  • Gráficos aquém do esperado em alguns aspectos
  • Travamentos e bugs incomodam bastante
  • Mecânicas de stealth e combate podem enjoar
  • Não poder usar outras armas com frequência é ducha de água fria
  • Narrativa decepciona pela falta de grandes momentos
Thiago Barros
Thiago Barros
Editor-Chefe
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Jogando agora: Silent Hill 2
Jornalista, teve PS1, pulou o 2, voltou no 3 e agora tem o 4, o 5 e até o PSVR. Acha God of War III o melhor jogo da história do PlayStation.