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Black Myth: Wukong: vale a pena?

Impactante, desafiador e deslumbrante, Black Myth: Wukong é a melhor estreia de 2024 — e uma das maiores dos últimos anos

por André Custodio
Black Myth: Wukong: vale a pena?

Há muitos anos, quando foi revelado pela Game Science, Black Myth: Wukong parou o mundo ao apresentar um conceito de cair o queixo. Obviamente, tanta ambição gerou desconfiança e muitos acreditaram que tudo aquilo era uma farsa.

Quanto mais o título demorava para ter atualizações, mais os rumores sobre algo incompleto tomavam conta da internet. Felizmente, os desenvolvedores não caíram nesse papo e foram até o fim: até que ele finalmente foi lançado.

E quando mencionamos “finalmente”, é com uma sensação de alívio, satisfação, alegria e demais sentimentos positivos. Black Myth: Wukong chegou abalando tudo e não à toa já é um dos games mais comentados do ano. Isso, sim, que é justiça.

A Jornada ao Oeste é linda, profunda e impactante; possivelmente a melhor adaptação já criada envolvendo o clássico romance de Wu Cheng’en. Em poucos parágrafos é impossível resumir a grandiosidade desse jogo, então precisaremos de mais.

Um círculo que precisa se completar

Sun Wukong ascende ao estado de Buda, mas acaba rejeitando a Corte Celestial e decide viver em paz na sua montanha. Incomodado com a rebelião do macaco e temendo uma possível divisão do mundo, Erlang Shen reúne forças para fazê-lo retornar aos céus.

Tudo piora quando o poderoso guerreiro adota um tom de deboche e superioridade. Provocado, Erlang decide enfrentá-lo com os Reis Celestiais ao seu lado. Tanta força só poderia resultar em um fim: Sun Wukong perde a luta e é selado em uma pedra.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

O último ato do macaco espalhou seis relíquias por toda a China — cada uma referente aos seus sentidos. E assim, a lenda foi esquecida, enquanto o adeus do Grande Sábio repercutiu pelos reinos e gerou conflitos entre todas as espécies selvagens.

Séculos depois, os símios do Monte Huaguo partem em uma jornada para recuperar as relíquias e reviver Sun Wukong. Um desses macacos, em especial, se aproxima do status de Predestinado, e o destino do continente agora está em suas mãos.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Black Myth: Wukong é um RPG de ação single-player inspirado na obra chinesa, Jornada ao Oeste. O título pode ser considerado um soulslite, possuindo diversas referências aos jogos souls, mas com diversas particularidades.

A aventura é realmente desafiadora e se caracteriza por ser um “soft boss rush”. Basicamente, seu elemento central de gameplay é o combate contra chefes, e aqui temos um trabalho primoroso: a variedade de inimigos e de golpes é surpreendentemente absurda.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Os confrontos são épicos e se favorecem de técnicas fotorrealistas de efeitos e de cenários. E mesmo com alguns problemas de texturas e quedas de FPS, os confrontos são muito bem conduzidos e deixarão os jogadores de boca aberta do começo ao fim.

Além disso, nada em Black Myth: Wukong é de graça. O mundo é constituído por animais selvagens e humanos e respeita fielmente esse conceito através da movimentação, do impressionante design e do contexto narrativo.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

A história também é outro ponto que merece elogios. Os seis capítulos, localizados em português do Brasil para menus e textos, possuem encerramentos com diferentes tipos de animação, mas sem deixar de lado a belíssima CGI que ocorre em tempo real na campanha.

Obviamente, a condução narrativa é muito metafórica e pode deixar algumas pessoas perdidas. Porém, o link estabelecido entre personagens e capítulos preenche pontas soltas com perfeição e entrega uma história muito emocionante e cinematográfica.

Se faltar habilidade, confie no macaco

Black Myth: Wukong não é um jogo fácil. São dezenas de chefes extremamente agressivos, cenários largos repletos de inimigos improváveis e aquela dificuldade quase padrão que entusiastas de jogos souls devem conhecer muito bem.

É muito fácil um jogador casual desistir logo nos primeiros minutos: sem mapa, sem direcionamento de missões e com recursos que sempre aparentam inferiores, o Predestinado precisa confiar ao máximo em suas habilidades.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Felizmente, ele não estará só nesta jornada. Além de contar com habilidades únicas de paralisar inimigos, de criar clones, de ficar invisível e de se tornar pedra, o herói absorve Espíritos de adversários derrotados para usá-los ao seu favor.

O mundo de Black Myth: Wukong está repleto de segredos e oportunidades e garante que nada que você fizer será em vão. Transformar-se em criaturas diversas é extremamente satisfatório, ainda mais quando elas se adequam perfeitamente à build.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Ao longo da campanha, o protagonista também coleta vários tipos de armas e armaduras, artefatos, itens consumíveis e magias. Tudo isso faz parte de uma constituição que pode ser resetada a qualquer hora, caso você se arrependa de como está ou prefira mudá-la.

A acessibilidade do jogo está nisso: o Predestinado é extremamente poderoso e adaptável. A sensação de força pode ser percebida não apenas através do gameplay perfeito que a Game Science oferece, mas também de um sistema de progressão rico e versátil.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

E não é conversa: os comandos respondem precisamente às ações. O que é complexo no início se torna familiar em poucos minutos, mesmo com novidades sendo apresentadas a praticamente todo instante. É um projeto volumoso em todos os aspectos.

Black Myth: Wukong também possui sistemas de ferreiro, de criação de tônicos e de colheita de recursos. Além disso, muitas missões secundárias e chefes secretos recompensam os jogadores mais destemidos e atentos, com direito a uma surpresa no capítulo final.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

A Game Science também adicionou recursos endgame, Novo Jogo+ e um Modo Foto. Todas essas funções servem para manter o jogador engajado nas aventuras do Predestinado e descobrir onde ela chegará.

Personagens marcantes em uma história memorável

A história de Black Myth: Wukong é linda e se favorece muito bem dos personagens carismáticos. Mesmo NPCs e “líderes” de quests secundárias são bem construídos e possuem planos de fundo que prometem emocionar.

A narrativa principal leva cerca de 30h para ser concluída, enquanto uma run completa pode exigir mais de 50h facilmente. Vale a pena conversar com personagens e ver como eles se integram a uma jornada que tem ares de antologia, mas se conectando em algum ponto.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Cada um dos capítulos ocorre em uma região distinta, impactada por condições geográficas extremas: deserto, área vulcânica, montanhas de neve e mais. Além disso, os chefes levam um pouco dessas características, apesar de serem extremamente particulares.

Black Myth: Wukong não possui um mundo aberto, mas sim semiaberto com mapas realmente grandes. Essa é apenas uma das inspirações na série souls, assim como a ideia de descansar e resetar áreas e de haver um hub central com vários ofícios.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Porém, vale pontuar que você não perde nada se morrer. Caso encontre dificuldade em algum canto, vá para o outro lado. Caso sua build esteja errada, mude-a de graça e se adapte. É um belo mundo em construção que oferece todas as ferramentas para o sucesso.

Isso também vai de acordo com a história, que conta a lenda de um ser bastante poderoso. No fim, tudo circula em torno do poder, mas a forma como ele é explorado depende do arco de cada personagem, por mais que sejam metafóricos ou repletos de enigmas.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Porém, não há como negar que Black Myth: Wukong possui uma narrativa coesa. Prepare-se para se emocionar em vários momentos, em especial nos finais de cada capítulo. Um belíssimo trabalho sensível da Game Science.

Black Myth: Wukong: vale a pena?

Nessa altura do campeonato, você já deve saber nosso veredito. Black Myth: Wukong é um dos melhores jogos dos últimos anos. Impactante, profundo e extremamente satisfatório, ele explora o potencial da nova geração para entregar algo de brilhar os olhos.

Gameplay preciso, histórias inesquecíveis, chefes que beiram o absurdo e uma enorme quantidade de conteúdos são motivos para fazer você experimentá-lo até o fim. E por mais que seja frustrante em vários momentos, a satisfação é muito maior.

Black Myth: Wukong
Fonte: André Custodio

Na PS Store, Black Myth: Wukong está saindo por R$ 300 em versão padrão. Se você tiver dinheiro sobrando ou já esteja planejando investir em algo de alta qualidade, não pense duas vezes. Esse é o jogo que vem forte para as premiações de melhor do ano.

Veredito

Black Myth: Wukong
Black Myth: Wukong

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Game Science

Jogadores: 1

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90 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Batalhas contra chefes inesquecíveis
  • Gameplay extremamente responsivo
  • Ambientações muito bem construídas
  • Sistema de progressão robusto
  • Visuais de última geração
  • Localização em PT-BR para menus e textos
  • Ótimo tempo de campanha
  • Grande quantidade de conteúdos principais e secundários
  • Excelente adaptação da Jornada ao Oeste
Desvantagens
  • Problemas com texturas
  • Quedas de performance em momentos de maior intensidade
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.