Gundam Breaker 4: vale a pena?
Leve e descompromissado, Gundam Breaker 4 dispensa totalmente a profundidade em prol do foco na construção de build
Mais de oito anos após o lançamento de Gundam Breaker 3, a franquia de mechas retorna ao seu cânone com Gundam Breaker 4. E dessa vez, ela vai muito além, trazendo a maior quantidade de referências aos animes já vista.
O próprio conceito de robôs personalizáveis sempre deixou as portas abertas para ser explorado ao máximo. E por que não levar isso ao seu extremo; ou seja, ao infinito? Certamente criaria o playground perfeito para quem curte perder horas e horas montando máquinas.
Mas calma lá: tudo é questão de equilíbrio. Ou ao menos deveria ser. E é esse desafio que Gundam Breaker 4 deve enfrentar, enquanto transporta os jogadores para um mundo, quebrando a quarta parede e mechas de todos os tamanhos.
Mas não era só um jogo?
GB4 entra em fase de testes e jogadores de todo o mundo são convidados a experimentá-lo. O game parece ser bastante atrativo e, apesar de suas limitações, reúne pessoas que querem fazer amizades e se divertir por algumas horas.
Logo, um grupo de meninos e meninas se aproxima, fundando um clã. As coisas não demoram a escalar, e logo eles já dominam cada aspecto do jogo, trabalhando em sinergia para que sua equipe seja uma das melhores do jogo.
De repente, algo parece estar muito errado nos servidores de GB4. À medida que a aventura avança, instabilidades revelam que os momentos juntos dos amigos podem acabar. E o que era apenas um jogo torna-se um significado para quem quer fugir da realidade.
Gundam Breaker 4 é um game de ação e aventura focado nos componentes sociais. Baseado em multiplayer, ele estimula o trabalho em inclui modos para que todos os jogadores possam aproveitar de diversas formas.
Sua campanha principal, contada através de sete capítulos, é apenas uma justificativa para envolver a comunidade no game. Dessa forma, o próprio conceito funciona como metalinguagem, quebrando a quarta parede para colocar o jogador no papel do protagonista.
Para completá-la do início ao fim, é preciso dedicar cerca de 10h do seu tempo. Porém, isso pode reduzir ou aumentar, de acordo com o nível de dificuldade selecionado antes de embarcar em cada missão.
Enquanto a aventura principal de Gundam Breaker 4 é um misto de tutorial com narrativa cheia de clichês e, até mesmo, descartável, o gameplay de ação gira em torno do já conhecido formato de arenas. Ranking, tempo, rodadas e áreas limitadas caracterizam esse modo.
Monte antes de lutar
Como a história de Gundam Breaker 4 é bastante sem graça, resta ao público se concentrar no gameplay. E é aqui que reside a grande virtude de título: há uma variedade absurda em estilos de jogo, algo nunca visto em games com elementos de personalização.
Cada missão iniciada rende peças, armas e itens de atualização. Assim, a todo instante os jogadores são estimulados a trocarem os componentes de seu Gunpla e criar novas builds. Tudo isso ocorre de forma bastante orgânica, sem forçar grinding ou algo do tipo.
A tela de montagem do robô é simples e repleta de informações. Lá, há sugestões de cabeça, torso, braços, pernas, escudo, mochila e armas corpo a corpo e melee. Além disso, são inúmeras habilidades únicas (de cooldown) incorporada a peças específicas.
Outro detalhe fica por conta das informações. Os componentes não são apenas estéticos ou com atribuições padrão (defesa, ataque, etc.) — cada um apresenta uma extensa tela de estatísticas que traz dados de tempo de recarga, recuperação, dano causado e muito mais.
Dessa forma, Gundam Breaker 4 lhe estimula a sempre se adaptar, pois inimigos nas arenas podem exigir abordagens mais rápidas ou mais pesadas. Para enfrentar alguns, é necessário se mover mais rapidamente, enquanto outros exige tankar armaduras e escudos.
Essa riqueza na personalização favorece não apenas todos os tipos de estilo, mas também a progressão. A todo tempo há recompensas e mesmo desistir de rounds nas arenas garantirá a você todas as peças obtidas até o momento. Os ganhos não param.
Domine os campos de batalha com amigos ou sozinho
As arenas de Gundam Breaker são compostas por fases, cada uma dela exigindo a conclusão de três ou quatro rodadas. Elas incluem hordas de robôs, grupos menores de inimigos centrais e chefes gigantes.
Nesse aspecto, há um desequilíbrio em jogar no single-player — a IA dos inimigos é eficiente, enquanto a IA dos aliados é extremamente falha. Se seu Gunpla cair em batalha, tenha certeza absoluta que será muito difícil a máquina lhe socorrer.
Apesar disso, mesmo no modo Difícil a campanha não é tão desafiadora. Como há adaptação e senso de recompensa constantes, seu robô está sempre um ou mais passos à frente do inimigo, em especial pelas habilidades únicas e poderosas incorporadas a ele.
Pelo tempo de campanha e pela repetição constante de cenários, inimigos e ações, Gundam Breaker 4 pode ser bastante cansativo. Não deixe para terminar uma run de uma única vez; vá devagar, explore os outros modos de jogo e brinque bastante na personalização.
Níveis de dificuldade extremos, modo sobrevivência e outros recursos são desbloqueados apenas no fim dos capítulos. Assim, com o tempo você terá a oportunidade perfeita para se ajustar a qualquer desafio ou adversário que vá enfrentar.
Isso vale em especial para os chefes gigantes de Gundam Breaker 4. Aqui, a batalha é mais estratégica e pede que os jogadores destruam as partes dos inimigos com a mira automática. Isso evita o uso de poderes por esses componentes e lhe fornece peças de maior raridade.
Vale pontuar que as batalhas são rápidas, explosivas e cheias de efeitos nas telas. A movimentação do robô é ágil e intuitiva, permitindo a ele acionar diversas funções ao mesmo tempo. Porém, em momentos de maior intensidade, há um prejuízo pela queda de FPS.
Agradável, mas muito simples
A experiência social em Gundam Breaker 4 é extremamente agradável, mas muito simples. Há uma loja no lobby, para comprar peças e itens de personalização, uma sala de eventos sazonais e outra voltado para as batalhas entre clãs (PvP).
Cada área de encontro é personalizável às vistas dos jogadores e possui um grande Gunpla em seu centro. Ele também pode ser refeito, adotando as mesmas características visuais do protagonista e exibindo poses a seu critério.
A função de diorama também é legal e permite a criação de um cenário de luta. Aqui, você pode ajustar tipos de mechas, poses, armas nos braços, texturas de cenários, efeitos visuais e muito mais, com a opção de compartilhar entre a comunidade.
Os visuais de Gundam Breaker 4 são simples, tanto para cenários quanto para os personagens. A grande virtude do jogo fica por conta da composição dos robôs, que são extremamente ricos em detalhes e podem ser customizados de forma infinita.
Gundam Breaker 4: vale a pena?
Gundam Breaker 4 é uma ótima experiência social, com recursos que oferecem todas as condições da comunidade se integrar, seja por meio de batalhas ou do compartilhamento de dioramas e máquinas.
Seus modos, em especial nas dificuldades mais altas, favorecem o trabalho em equipe e trazem bons desafios. Assim, eles conversam muito bem com o conceito de adaptação; algo que reflete diretamente no absurdamente rico sistema de criação do mecha.
No single-player, a história pode ser outra; ainda há um senso de recompensa, mas a história sem graça e a repetição “solitária” dos mapas de arenas cansa mesmo quem já está acostumado a ficar horas de frente para a televisão.
Gundam Breaker 4 é bastante recomendado para fãs da franquia por ser nitidamente o game mais completo já feito. Quem curte mechas pode se divertir nas batalhas intuitivas, mas deve encontrar uma certa resistência na modalidade do gameplay de arenas.
Veredito
Gundam Breaker 4
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Bandai Namco
Jogadores: 1 a 3
Comprar com DescontoVantagens
- Sistema de personalização riquíssimo e infinito
- Combate satisfatório e recompensador
- Progressão muito funcional
- Muitos modos de jogo e níveis de dificuldade
- Experiência online estável
- IA dos inimigos desafiadora
Desvantagens
- História sem graça e extremamente superficial
- Campanha muito repetitiva e cansativa
- Quedas de FPS em momentos de maior intensidade
- Visuais de personagens e cenários são muito simples