Kunitsu-Gami: Path of the Goddess: vale a pena?
Tower Defense com ação acerta em cheio e traz novos e criativos ares para a Capcom
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess vem numa época da Capcom para “quebrar o ritmo” e apresentar uma ideia completamente diferente. Após anos de remakes e sequências excelentes, o estúdio trouxe uma IP inédita, que aposta em uma jogabilidade não muito convencional. E tudo isso é muito bom!
Nada contra sequências e remakes (por favor, Dino Crisis!), mas como é bom ver a criatividade do estúdio em um projeto artístico, que entrega muitas qualidades positivas no gameplay. Provavelmente, ele passará despercebido no radar de muitos gamers, o que é uma pena, porque que eles podem estar perdendo uma das experiências mais diferentes lançadas neste ano.
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é a prova que a Capcom tem uma grande versatilidade e oferece conteúdos para todos os gostos, se provando, mais uma vez, como uma das melhores desenvolvedoras da atualidade.
Uma história sem muita história
Embora a mitologia de Kunitsu-Gami esteja constantemente presente, a narrativa se perde pela falta de explicações e desenvolvimentos mais profundos. A história gira em torno da guerreira Soh que precisa defender a deusa Yoshiro que passa entre os vilarejos do Japão para purificar os Maculados e expurgar os Coléricos.
Conforme Soh e Yoshiro vão expurgando o mal, percebe-se que a deusa vai sofrendo consequências fatais neste processo. No entanto, a missão delas vai superando todas as dificuldades para promover a paz no Japão.
Contudo, como surgiram os Coléricos? O que significam suas transformações? O porquê os cenários são afetados? São explicações dadas em descrições de itens colecionáveis e não são aprofundadas na história principal. O jogador que não se preocupa em buscar o 100% do título, verá uma história bem rasa (prejudicada ainda pela falta de diálogo).
Para quem gosta de mitologia japonesa, encontrará um banquete com informações sobre os Coléricos, a formação dos monstros e até mesmo se encantará pelo visual grotesco. Porém, tais conteúdos parecem mais escondidos do que mais importantes para a própria trama.
Tower defense criativo
É importante destacar aqui: Kunistu-Gami: Path of the Goddess é um tower defense com elementos de ação – e não ao contrário. O que isso significa? Que o núcleo da jogabilidade se apega na estratégia, no posicionamento de unidades para enfrentar ondas de inimigos e no gerenciamento de atributos para vencer as fases.
Cada vilarejo que a deusa deve purificar representa uma fase e há um total de 12 delas. Ao entrar na fase, o jogador precisa encontrar os Aldeões e coletar Cristais para transformá-los em soldados. Estes mesmos Cristais também são utilizados para fazer a deusa chegar ao destino de purificação. Ou seja, ou você gasta para criar unidades de defesa ou utiliza para chegar ao seu objetivo.
Durante o período o dia, é o tempo para explorar a região, recrutar Aldeões, criar armadilhas e se preparar para a noite. No período noturno, os Coléricos vêm em ondas para atacar a deusa e é neste momento que a estratégia é posta à prova. Para quem jogou Kingdom Rush e Plants vs. Zombies, o esquema é parecido.
O que difere é o elemento de ação que o jogador tem à disposição o tempo todo. No controle de Soh, é possível aplicar golpes especiais, combos poderosos e até mesmo alterar funções dos Aldeões. A estratégia montada pode ser facilmente ajustada ao longo dos combates, mas mudanças podem gerar complicações pois cada atribuição é única.
É possível criar unidades de ataques a distância, como arqueiros ou arcabuzeiros, mas a cadência de tiro é variável. Além disso, há opções de Xamã, Lutador de Sumô e até Ninja. Cada um vai ter características que podem ser muito boas para a estratégia da fase ou não tão efetivas assim.
Embora haja essa grande variedade, a dificuldade das fases não exige o conhecimento de todas as funções. Em 15 horas de jogo até o término da campanha, só houve duas fases que trouxeram a necessidade de uma estratégia mais elaborada e uma troca constante dos Aldeões. No restante delas, era possível vencer os desafios ao usar somente três classes.
The Sims no Japão?
Uma das atividades secundárias de Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é o sistema de reconstrução dos vilarejos. Após purificar a região dos Coléricos, é possível reconstruir a base com a ajuda dos Aldeões. As atividades geram recompensas, como os colecionáveis que trazem mais informações da história e moedas que existem para aprimorar as classes.
É neste momento do game que o jogador tem a possibilidade de afinar as atribuições das unidades antes da batalha e também de personalizar atributos da Soh. A guerreira conta slots de poderes especiais que podem afetar seus soldados ou realizar um golpe brutal. Além disso, ela pode utilizar equipamentos que ajustam características de ataque, ou defesa ou até mesmo de vitalidade.
Embora seja importante para o desenvolvimento das habilidades da protagonista e também das unidades, o sistema de gerenciamento acaba frustrando por ser repetitivo de forma excessiva. Afinal, o jogador precisa ficar passando pelos pontos de reconstrução apenas para apertar um botão para ativar o processo de melhorias de base. Faltaram mecânicas para agilizar o processo sem exigir todo o rodeio para chegar ao pontos.
Por outro lado, é válido despreocupar quem julga a premissa como repetitiva. Na verdade, o game sempre está entregando novidades no combate e também nos desafios. Sempre aparece um monstro inédito, uma nova habilidade, uma armadilha especial. Então, ao longo da campanha, não há o sentimento de fadiga – o que também a variedade de mapas contribui fortemente. Além disso, é válido mencionar o New Game+ que traz outros desafios e mais conteúdo.
Arte! Arte!
Não tem como deixar de falar sobre a parte artística do game, como a direção de arte e a própria trilha sonora. Resgatando aspectos de Okami, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess faz questão de ser o diferentão do catálogo da Capcom. O visual é chamativo, colorido, cheio de elementos mitológicos e com muita autenticidade.
Não confunda aqui com os gráficos técnicos, pois neste quesito, o título é bastante simples. Nos momentos de exploração das bases, por exemplo, o visual é mediano. Contudo, o design dos monstros, os efeitos visuais, os elementos de criatividade apresentados nas fases e nas cores que explodem na tela, tudo representa uma grande pintura que extrai o mais puro suco do folclore japonês.
A trilha sonora segue o mesmo apelo da direção artística. Desde as músicas tocadas nos combates das fases normais até os ápices das composições feitas para os chefões, o som movimenta o gameplay do título de modo simbiótico como se as cores, as músicas e os combates atuassem em conjunto para tornar a experiência muito divertida.
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess: vale a pena?
Com uma proposta bem diferente e muito competente, o novo título da Capcom cumpre muito bem seu papel e entrega uma experiência de qualidade. O gameplay sabe mesclar a estratégia e ação na medida certa para que as fases não caiam na repetitividade excessiva, embora a dificuldade seja muito acessível e, em vários momentos, fácil até demais.
Com 15 horas de campanha e, no mínimo, o dobro para completar 100%, o título entrega uma boa variedade de atividades e possibilidades de explorar rotas das fases. É, com certeza, uma das experiências mais originais de 2024 e deveria estar no radar de quem busca ideias alternativas de qualidade.
Veredito
Kunitsu-Gami: Path of the Goddess
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Capcom
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Gameplay criativo
- Direção artística linda
- Trilha sonora envolvente
Desvantagens
- História rasa
- Dificuldade bem simples