Stellar Blade: vale a pena?
Stellar Blade chega ao PlayStation 5 contando uma boa história, oferecendo combates eletrizantes e muitos desafios
Se você veio até aqui só para conferir a nota de Stellar Blade, vamos facilitar a sua vida: 89. Trata-se de um jogo incrível e desafiante, com uma bela trilha sonora, momentos de ação e boa história. Claro, tem pequenos deslizes, mas nada que impacte o conjunto da obra.
Pois bem, agora que estamos livres desta mera representação numérica, que está longe de ser uma verdade absoluta e representa apenas a visão de uma pessoa, é hora de entrar de cabeça na jornada de Eve para entender como ela vai muito além de possíveis polêmicas.
Esqueça um pouco a exclusividade temporária, a dificuldade adaptável e a sensualidade da protagonista. Existem muitas outras camadas, bem interessantes, a serem exploradas neste game. E, sim, você deve prestar um pouquinho de atenção a ele…
Sim, a PlayStation fez de novo. Mais um ótimo jogo para o PlayStation 5.
Estelar
Assumimos o controle de EVE em duas horas iniciais de tirar o fôlego, sem muito tempo para explicações profundas sobre do que se trata a história, do porque estamos ali e quais as motivações da personagem.
Claro, é uma ótima estratégia para capturar o interesse do público logo no início, com narrativa ficando meio que no “vou ver e te aviso“. Só então, depois que as coisas se acalmam um pouco, o jogo se aproxima mais dos jogadores explicando o contexto, ambientando a trama, introduzindo personagens e suas razões.
EVE faz parte do 7º Esquadrão Aéreo, uma unidade responsável por eliminar os Naytibas, criaturas tenebrosas, culpadas por devastar a terra em uma guerra sangrenta, obrigando a raça humana a se refugiar em uma Colônia distante.
O plano é relativamente simples. Encontrar o Naytiba Ancião e colocar um fim no conflito. A simplicidade, no entanto, esconde uma trama bem mais intrincada e profunda. Conforme avançamos na jornada, enfrentando os chefões (Naytibas Alpha), somos lançados em algo muito mais complexo, onde a verdade está distante da história contada por todos.
E aí começam aparecer os primeiros elementos inspiracionais de Stellar Blade. O jogo não reinventa a roda, pegando emprestado de outros games suas sutilezas, executando muito bem fórmulas já estabelecidas.
Os documentos encontrados nos corpos de soldados servem como fio condutor para aprofundar a trama, os cenários são desenhados de maneira a também servir como narrativa, os personagens secundários tem – ou tentam ter – suas histórias paralelas, até os inimigos são muito mais do que somente criaturas terríveis a serem derrotadas. Eles desempenham um importante papel de relato.
Aí se misturam sobrevivência, inteligência artificial, histórias paralelas, mistérios, reviravoltas, descobrimento, amizade e humanidade. Tudo é empacotado em uma trama envolvente, bem contada e que, embora fique previsível a partir de um certo ponto, se segura muito bem, incentivando o progresso e avanço. Vale a pena ser surpreendido pelas guinadas finais do roteiro.
Blade
Talvez os trailers e vídeos enganem. Eu fui dos tapeados, no bom sentido. Stellar Blade, não é um hack and slash tradicional. Os materiais promocionais davam a entender que poderia se tratar de algo parecido com os combates de NieR Automata, com uma sensualidade de Bayonetta. Mas não.
Aqui temos um jogo de ação bebendo de várias fontes. As lutas são bem mais cadenciadas, estratégicas e punitivas. Há várias correlações com soulslike, no sentido de você não pode se descuidar da defesa, há inimigos nos cantos esperando para lhe desferir um golpe mortal em armadilhas ardilosas, as homéricas lutas contra os chefões e outros detalhezinhos.
Árvores de habilidades, lembrando RPGs, nuances de hack and hack ‘n’ slash como: avance, corte o inimigo, massacre-o e colete suas recompensas.
São coisas que ficam difíceis de colocá-lo em uma única caixinha e dizer “é um jogo assim ou assado”. É um game de ação com várias inspirações, muito bem executadas.
Destaque para os inimigos, monstrengos tenebrosos, de vários tipos. São mais de 60 espécimes horríveis, no “bom sentido”. Seus designs são únicos, assustadores e muito criativos, divididos entre lacaios, guerreiros, elite e Alfa.
EVE precisa usar de todos seus recursos para vencê-los. Fáceis mesmo só os lacaios, os demais exigem uma boa dose de cautela, estudo e saber o momento certinho de atacar. Stellar Blade obriga o jogador a lutar contra as adversidades.
Esquiva, parry, teleporte, sequências…a variação de opções é impressionante, oferecendo um leque robusto de oportunidades, sejam defensivas ou ofensivas. Dá para moldar um pouco do seu estilo em EVE. “Um pouco”, porque em algumas situações é necessário muito esforço, paciência e resiliência.
Stellar Blade não é um jogo fácil, principalmente nas lutas contra os chefões – Naytibas de Elite. Ele até tem uma dificuldade “modo história”, no entanto, é acessível “pero no mucho”. Tem seus desafios. Vá com cuidado.
Antes de avançar, vale explorar os cenários semiabertos, concluir as missões secundárias que, embora não sejam brilhantes, têm seu valor de recompensas, além de descobrir vários segredos. A jornada é repleta deles, desde narrativos até de inimigos diferenciados. Vale passear pelo Deserto, pescar, salvar NPCs, recuperar equipamentos de beleza – que abre a personalização -, entender melhor alguns desmembramentos da narrativa.
Nos cenários semiabertos, fica evidente a beleza do game e da personagem. Seus gráficos são ótimos, EVE é maravilhosa, podendo ser personalizada de várias maneiras, em seus penteados e trajes (são 60!), até os amigos e o drone podem ter suas aparências modificadas.
Mas nada se compara a irretocável trilha sonora. Há canções para os acampamentos – locais onde você pode salvar o progresso, se suprir de itens e munições -, para cada região, para a cidade de Xion (base de operações)….para cada cantinho. E todas são incríveis e lindas. E é óbvio que as lutas mais complicadas ficam ainda mais empolgantes com uma trilha que acompanha o ritmo.
Stellar Blade: vale a pena?
Pergunta um tanto quanto retórica, não é mesmo? Mas sim, Stellar Blade vale muito a pena, por vários motivos.
Primeiro pela ousadia da Shift Up em impor sua visão em um projeto de grande porte, sem receios de experimentar diversas possibilidades, ousar na sua bela protagonista, ter uma história bem construída, com boas reviravoltas, em uma campanha que gira em torno de 17 horas a 20 horas.
Além de entregar um jogo, tecnicamente, muito bom. Com três opções de escolha: focada em gráficos, equilibrado e desempenho. Todas elas funcionam super bem e sem engasgos, sendo a equilibrada, a mais recomendada.
Comete alguns pequenos tropeços, típicos de marinheiros de primeira viagem, com um level design algumas vezes confuso, quebra de ritmo na narrativa, introdução de personagens-chave de forma apressada e uma experiência de usuário em menus um pouco truncadas.
No mais, EVE é uma nova estrela a brilhar no catálogo do PlayStation 5.
Veredito
Stellar Blade
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Shift Up
Jogadores: 1 Jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Trilha sonora incrível e intimista
- Ótimo desempenho técnico
- Combates alucinantes
- Vários mistérios e segredos a serem desvendados
- Boa variedade de inimigos e customização
- Belos gráficos
Desvantagens
- Leve design pode ser confuso às vezes
- Quebra de rítmo na narrativa
- Alguns personagens mereciam mais profundidade