Hi-Fi Rush: vale a pena?
Cheio de ritmo, jogo da Tango Gameworks chega ao PS5 com tudo
Hi-Fi Rush foi um dos grandes jogos de 2023, mas até então, estava disponível somente para Xbox e PC. Com uma abordagem multiplataforma por parte da Microsoft, esse game de “música com porradaria” finalmente chegou ao PS5, mas já adiantamos: ele vem para conquistar a comunidade!
O jogo traz um universo cheio de ritmo, gameplay acelerado, personagens cativantes, e o melhor de tudo: um GRANDE defeito para deixar as coisas ainda mais interessantes. Parece contraditório, não é mesmo? Você entenderá em breve.
O grande defeito de Hi-Fi Rush!
Chai é o protagonista de Hi-Fi Rush e a história gira em torno dele e da Vanderlay Technologies, uma empresa que está procurando candidatos especiais para testar suas tecnologias de ponta. Os escolhidos, humanos com algum tipo de doença, mau funcionamento, ou qualquer contratempo nos membros, recebem peças aprimoradas, para terem uma vida mais confortável.
No caso de Chai, seu braço seria substituído por uma prótese mecânica, capaz de fazer as mesmas funções de um braço comum. Após isso, ele iria para a academia ser treinado a usá-lo. Seu sonho? Se tornar uma estrela do Rock.
Sempre com seu MP4 em mãos, ele se inscreveu no programa e foi até a sede da Vanderlay colocar seu novo braço no lugar. Ao dar início ao procedimento, o aparelho acabou caindo em uma máquina e se fundiu com toda a programação. Resultado: um garoto que bate em todos com seu braço e guitarra mecânicos enquanto ouve Rock.
Mas as músicas não se limitam aos seus ouvidos, não. Chai é um show completo para os amantes do Rock. Enquanto ele acerta os golpes, os acordes são acionados e uma apresentação toma conta da tela. A Tango Gameworks simplesmente joga o famoso “molho” no jogo, e tudo fica dançante numa vibe muito agradável e acelerada.
Mas por que falamos sobre defeito? O experimento da Vanderlay com Chai não foi considerado perfeito, por isso, ele entra em rota de colisão com a empresa que praticamente domina a cidade. Como resultado, ele é caçado e precisa provar não ser um defeito de fabricação.
Ritmo, ritual, responsa e gameplay
Chai é um defeito diferente. Citando Charlie Brown Jr., ele achou que sairia de lá vendo o “Céu Azul”, mas percebeu rapidamente que os “dias de luta” são mais duradouros e vem antes dos “dias de glória”.
A Vanderlay e seus executivos querem matar Chai. Não aceitam de forma alguma terem criado uma “máquina” e se preciso eles colocam a própria cara na reta para impedir sua fuga das instalações. Logo após sair da sala onde foi fundido com seu mp4, o personagem já entende seus poderes.
Seus combos são criados com base em ataques leves e pesados, acionados pelos botões quadrado e triângulo. Se fosse apenas isso, Hi-Fi Rush seria apenas um hack’n slash. No entanto, aí entra a musicalidade.
Conforme você batalha, Chai e o ambiente do jogo estão literalmente pulando com o ritmo da música. Entendendo as batidas e a hora certa de acertar os golpes, o jogador levanta gritos de uma plateia e suas pancadas com a guitarra na cabeça dos robôs da Vanderlay causam mais dano.
Essa mecânica é interessante, porque a guitarra de Chai solta as notas certas de uma forma que sempre encaixam na música. Só que quando entram corretamente na batida, elas levantam gritos, entregando acertos mais poderosos. Meter a porrada nos robôs é como compor uma música. Confira:
Claro, o jogo não teria chamado tanta atenção da indústria contando “apenas” com isso. Chai evolui seus poderes e os entende melhor, principalmente após conhecer sua aliada Peppermint, que adiciona novas camadas na jogabilidade.
Umas delas (e talvez a mais importante) é a adição do QG. A casa de Peppermint funciona como uma espécie de lobby, onde ela e sua gata, a 808, ficam após cada uma das missões aguardando o retorno de Chai.
O protagonista pode aprimorar seus combos, aprender novas habilidades e comprar chips com vantagens especiais para usar em combate. O uso dessas skills é bem simples e, na maioria das vezes, é uma alternância entre golpes leves e pesados que os ativam nas batalhas.
Junto disso, há funcionalidades dedicadas aos status de Chai, capazes de aumentar sua vida, o poder dos seus ataques e até o enchimento de sua bateria. A bateria do aventureiro dita quando é possível ativar sua habilidade suprema com L3 + R3.
Ao acionar esse comando, Chai lança um golpe destruidor contra seus adversários, facilitando e acelerando alguns confrontos. As interações com seus aliados também aprofundam outras ferramentas no gameplay.
Por exemplo, 808 é uma espécie de suporte para acompanhar o ritmo de Chai. Ela fica pulsando em azul mostrando a melhor hora de aplicar os golpes — esse sistema pode ficar ainda mais amplo apertando o touch do DualSense.
Quem tiver dificuldade de linkar os golpes na hora certa, jogará com um ícone da 808 na parte debaixo da tela, auxiliando o aventureiro a entrar no ritmo e encaixar na batida.
Pensando em todas essas camadas, pode parecer que Hi-Fi Rush seja um pouco punitivo para quem não conseguir acertar o ritmo certo dos golpes para extrair uma melhor vantagem. Calma, não tem nada disso.
Alinhar os seus ataques com a música vale a pena, mas Chai dará dano de uma forma ou de outra, mesmo quando suas investidas entrarem sem ressoar com o restante da banda. Dessa forma, esse é outro acerto no gameplay que deixa o jogo convidativo para todos.
A aventura de Hi-Fi Rush não termina quando sobem os créditos, não. Ao fechar o jogo, você desbloqueia novos modos, uma dificuldade superior e pode visitar todas as fases com a equipe de Chai completinha. A rejogabilidade também é um fator positivo!
Trilha sonora é puro Rock, mesmo com você ditando a batida
Hi-Fi Rush conta com uma trilha sonora original e cativante. Mesmo sem vocais na maioria do tempo, a bateria e a guitarra ditam o embalo da aventura de Chai.
Mesmo com a guitarra do protagonista adicionando camadas originais aos acordes, cada fase conta com seu tema próprio. Tudo isso aumenta a atmosfera do sonho do personagem em se tornar uma estrela do Rock.
É tão diferente assim no PS5?
Hi-Fi Rush não tem muitos comandos capazes de explorar totalmente as funções do DualSense. O controle passa um feedback tátil nas horas certas com golpes e outras interações, mas não há nada de especial com os gatilhos.
A experiência não apresentou quedas de FPS ou algo parecido e não existem opções de configuração gráfica, ou seja, o game está todo em um mesmo padrão. E isso infelizmente traz uma quebra na imersão que poderá ser notada por muitos.
As cutscenes não acompanham a taxa de quadros do estilo de arte do gameplay. Por isso, quando as cinemáticas começam a rodar, causa uma certa estranheza por causa da mudança no FPS. É necessário acostumar os olhos rapidamente para acompanhar a ação na tela.
Outro “problema” de Hi-Fi Rush, que também envolve as cutscenes, são os outfits do Chai. No QG com a Peppermint, é possível alterar a aparência do nosso herói, contudo, quando as cinemáticas rolam, a personalização padrão do protagonista retorna.
No mais, Hi-Fi Rush é uma experiência sólida e divertida no PS5. Não fica devendo em nada para os demais AAAs que não usam as funções do console como deveriam.
Hi-Fi Rush: vale a pena?
Chai é o grande defeito, o “Peso da Batida do Errado que Deu Certo”. E mesmo não sendo o “Senhor do Tempo”, ele te fará voltar para 2023 para entender o motivo dele ter se destacado em meio a tantos outros grandes games da indústria.
Hi-Fi Rush não é um AAA ultrarrealista, com gráficos incríveis e detalhes minuciosos. Ele vai na contramão, como “apenas” um jogo divertido, ritmado e capaz de te prender facilmente somente com os dez primeiros minutos de jogatina.
Não virá como um shadowdrop para o console da Sony como foi com o Xbox, mas você já saberá o quanto ele é bom antes de comprar. E falando em preço, a oferta até que é justa na PS Store. Com um pouco mais de 11 horas de duração, o título mostra como um jogo só precisar ser “apenas um jogo” para te prender.
Hi-Fi Rush vale a pena e nem precisa colocar música de fundo para jogar. Chai, o nosso grande defeito, embalará o seu gameplay em um ritmo alucinante!
Veredito
Vantagens
- Jogo tem gameplay incrível e bem encaixado
- Narrativa é simples de entender e Chai é engraçado
- A trilha sonora fica incrível combinada com as mecânicas de jogabilidade
- Game está totalmente em PT-BR
- Tudo se encaixa no ritmo do jogo, o tempo todo, até os ambientes
- Experiência rápida e bem fechada
- Novos modos são liberados após zerar o jogo uma vez
Desvantagens
- Cutscenes não atualizam trajes de Chai
- Taxa de quadros das cinemáticas causa estranheza