Call of Duty Modern Warfare III: vale a pena?
Call of Duty Modern Warfare III se apresenta como um jogo completo e novo, mas sua verdadeira face é uma expansão
Call of Duty Modern Warfare III anda como DLC, tem cheiro de DLC, se comporta como DLC, mas se apresenta como um jogo completo, premium, como diz o marketing.
É ruim? Depende. Analisando friamente, ele entrega o que já conhecemos da série. Multiplayer repleto de opções, narrativa com apelo para figurões consagrados da franquia, gráficos bonitos, principalmente na modelagem de personagens e ainda é um ponto de encontro para você e seus amigos.
Só é cheio de “mas, poréns, entretanto…”. Ou seja, há muitos contrapontos que farão fãs e novatos – principalmente – torcerem o nariz e repensarem se vale ou não a pena investir no game neste ano.
Uma história curta, sem personalidade e “warzonezada”
As campanhas de Call of Duty nunca foram exemplos em “tempo de duração”. A imensa maioria delas conta com um tempo estimado de cerca de cinco/seis horas, mas Modern Warfare III estabeleceu um novo recorde.
Em cerca de três horas é possível ver os créditos na tela.
Claro, “tempo” não deve ser o único parâmetro. Há muitos jogos longos, mas cheios de conteúdos repetitivos e enfadonhos (Assassin’s Creed Origins, estou falando de você mesmo). Se estas três horas fossem eletrizantes, certamente não haveria uma linha de questionamento. Não é o caso, infelizmente.
A história acompanha Capitão Price, Ghost, Soap, Farah, Laswell e outros nomes conhecidos da saga Modern Warfare, tentando evitar uma nova Guerra Mundial, pretendida por Makarov. É a velha fórmula de corrida de gato e rato.
Makarov faz vários ataques de bandeira falsa, enquanto a Taks 141 tenta impedi-lo, investigando instalações, fazendo ataques cirúrgicos, perseguindo suspeitos.
Diferente da campanha da MW (2019), aqui tudo é muito apressado, faz um mal aproveitamento de símbolos icônicos e não desenvolve a trama. O fim é abrupto, sem uma conclusão dos acontecimentos, com pouquíssimos (ou nenhum) episódios para ficarem na lembrança. O ponto alto é, pasmém, a cena pós-créditos.
O que reforça a impressão de “criado às pressas”, é o aproveitamento de vários elementos de Warzone nos cenários, na interface, a forma como os loots são obtidos e em áreas muito abertas, com múltiplos objetivos. O ápice é poder seguir para os pontos de interesse livremente, sem um script.
MW3 deixou para trás o que a série sempre fez bem, trama cinematográfica, com cenas de triar o fôlego, onde o jogador é o protagonista de missões para salvar o mundo. O próprio vilão, Makarov, não parece tão ameaçador, no fim das contas.
Embora Call of Duty tenha foco no multiplayer, há sempre uma parcela de jogadores interessados nas histórias, algo que deve desapontar muita gente.
Call of Duty MW3 (2023), mas com cara de MW2 (2009)
Os veteranos certamente não terão problemas em entender toda a dinâmica aqui. Trata-se de uma sequência do Modern Warfare II do ano passado (2022), com nome de Modern Warfare III, trazendo mapas de MW2 (2009), mas com quase tudo importado do MW2 (2022). É uma verdadeira salada.
O modo multiplayer conta com mapas remasterizados do Modern Warfare de 2009 com visuais refeitos, mais bonitos e novos recursos de jogabilidade. O apelo nostálgico aqui é imenso.
Relembrar os tempos onde a série estava “estourando” é uma sensação formidável. Fará você voltar aos bons momentos da vida. Mas a nostalgia é traiçoeira.
MW3 herda do CoD de 2022 seu sistema de famílias de armas, os meios de desbloqueio de attachments, interface – terrível – … praticamente tudo. O lado positivo é que as conquistas no game de 2022 são automaticamente importadas para este “novo”. Dessa forma, há uma colossal lista de armas e equipamentos (as do MW3 e as do MW2). Por outro, reforça o sentimento de ser apenas uma adição.
Já no aspecto de gameplay, na trocadão de tiros, há uma substancial diferença entre o estilo de gunfight da Infinite Ward e Sledgehammer Games. O de 2023 vai no sentido de desfazer muito do que vimos em 2022.
MW3 é mais acelerado, traz de volta o slide cancel, um mini mapa melhor, que revela sua posição quando você atira, um TTK maior. Neste aspecto, o jogo parece ir para uma direção melhor que seu antecessor.
“Parece” porque ainda há problemas graves. Os pontos de spawns estão terríveis. Frequentemente seu personagem vai renascer entre os inimigos e vice-versa. O Som dos passos também precisa de ajustes e os mapas de 2009 não parecem adequados para 2023.
Todas as expectativas então se recaem sobre o modo Zombies. Ele seria capaz de salvar o ano? Infelizmente, não.
Este também se inspira demasiadamente em DMZ, com modos por tempo limitado, com extração e com ideias até bem intencionadas, mas sem uma identidade.
Tudo acontece no futuro novo mapa do battle royale. É uma enorme combinação de saques, zumbis, coletar suprimentos, enfrentar hordas, mercenários e extração ao fim da partida.
Jogar com os amigos, claro, é super divertido, proporciona diversos momentos de boas risadas, interação, coordenação…mas convenhamos que isso conseguimos, também, em outros jogos. Não é um mérito exatamente de Call of Duty.
Destaque para as situações onde os momentos ficam bem tensos, com dezenas de inimigos se aproximando e você querendo chegar ao helicóptero. É garantia de diversão.
O mapa, mais aberto, também tem seu charme. A liberdade para se fazer o que quiser, conquistar os contratos, explorar e aprender como é a dinâmica, pode atrair muitos jogadores, mesmo que se distancie do modelo tradicional. Exige um pouco mais de mente aberta, não comparando com o passado, mas com que ele oferece.
Call of Duty Modern Warfare III: vale a pena?
É o momento do veredito. Vale? Se você olhar na perspectiva de que ele está sendo divulgado como um Call of Duty “novo” e este talvez seja um dos mais decepcionantes da série.
Call of Duty Modern Warfare III parece mesmo uma colcha de retalhos, com várias emendas. Um modo campanha sem personalidade, as opções multiplayer, apesar de robustas, são reaproveitadas de outros títulos da série, com poucas ideias efetivamente novas.
O principal ponto é o seu preço cheio de R$ 300. Ainda que a Activision defenda de que se trata de um produto “premium”, ele é uma expansão inflada. Se a divulgação fosse mais transparente, com uma cobrança mais competitiva, certamente a recepção seria outra.
Veredito
Call of Duty Modern Warfare III
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Sledgehammer Games
Jogadores: 1 Jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Visuais da campanha são bonitos
- Liberdade para abordar missões
- Dublagem em PT-BR continua boa
- Modo Zombis pode ter seus momentos
Desvantagens
- Campanha extramemnte curta
- Muito reaproveitamento de Warzone e MW2
- Preço não condiz com os conteúdos
- Multiplayer precisa de ajustes
- Poderia ser oferecido como DLC