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The House of the Dead Remake: vale a pena?

Remake do clássico dos fliperamas traz modos de jogo e gráficos revitalizados. Mas seria o suficiente?

por André Custodio
The House of the Dead Remake: vale a pena?

Lançado em 1996 para arcade, The House of the Dead atraiu inúmeras pessoas aos antigos fliperamas e estabeleceu novos padrões entre as décadas de 1980 e 1990. Integrante da categoria de rail shooter, onde os jogadores parecem estar “sobre trilhos” enquanto atiram com armas físicas ou virtuais em terceira pessoa, o título elevou o patamar gráfico e apresentou um horror ao melhor estilo A Noite dos Mortos-Vivos (1968).

O jogo aproveitou uma série de recursos para levar o público ao ápice do terror nos videogames, gerando uma experiência imersiva e estimulante. E apesar de sua dificuldade nativa, os participantes compravam muitas fichas para garantir o “Continue” depois do Game Over, a fim de tentarem descobrir quais segredos os corredores da macabra mansão guardavam.

Agora, quase 30 anos após o lançamento do game original, a desenvolvedora MegaPixel Studio apresenta The House of the Dead Remake e propõe mudanças radicais. Com gráficos revitalizados, gameplay mais preciso, configurações adicionais e muitos mistérios na campanha, o jogo retorna mais imponente e mostra que tempo não é problema quando o assunto é nostalgia.

Mas será que, em relação aos projetos mais recentes e aos produtos retrabalhados, é possível afirmar que o remake vingou e soube respeitar o sentimento dos fãs?

Zumbis mais… bonitos?

Em The House of the Dead Remake, todos os detalhes de design artístico sofreram melhorias. A mansão assombrada é linda e suas informações são plenamente perceptíveis. Não há borrões durante transições de câmera ou mapas e os efeitos visuais — em 4K — contribuem com uma atmosfera macabra, impulsionando sensações claustrofóbicas e reações rápidas de atirar em tudo que se mexe.

Os mortos-vivos e demais ameaças — sanguessugas e morcegos — perderam seus aspectos poligonais e estão mais agradáveis graficamente. Com isso, a sensação de repetição é deixada de lado para garantir uma grande variedade de monstros, onde cada um deles possui velocidade e padrão de movimento distintos, equipamentos únicos e animações especiais durante o ataque e morte.

captura de tela de the house of the dead remake
Fonte: Reprodução

Um detalhe que não deve passar batido pelos jogadores é a física do game. Durante o combate, é possível desmembrar os monstros após atirar em regiões específicas do corpo, algo que resulta em uma explosão de sangue com “drops” semelhantes aos dos antigos Mortal Kombat. Além disso, os pedaços de braços, tronco e pernas permanecem no cenário e podem continuar levando bala.

O remake também inclui aprimoramentos técnicos no sistema de áudio e reforça a importância de sons ambientes para um maior realismo em 3ª pessoa. Barulhos são perceptíveis em toda porta, corredor ou vão e se combinam com uma trilha sonora clássica que varia de acordo com as fases e intensidade das lutas em certas áreas.

Campanha curta e estimulante

Cada run de The House of the Dead Remake pode ser concluída em menos de 30 minutos, com tempo a depender dos combates contra um dos quatro chefes no game. Porém, apesar dessa duração relativamente curta, o título conta com um alto fator de rejogabilidade e guarda segredos que certamente passarão batidos nas primeiras explorações.

Infelizmente, a abordagem narrativa do jogo permanece mal aproveitada, e o jogador não fará a mínima ideia do que está acontecendo ali. Mansão com mortos-vivos? Experimentos secretos? Cientista maluco? Criaturas transformadas em máquinas? Nada disso importará. Simplesmente aperte “X” do início ao fim e tire sua própria interpretação.

captura de tela de the house of the dead remake
Fonte: Reprodução)

De forma geral, em The House of the Dead Remake, um policial é enviado para investigar possíveis assassinatos em uma enorme residência e deve salvar um grupo de pessoas forçadas a realizarem um projeto duvidoso. Dessa forma, cada um desses NPCs poderá ser resgatado caso os jogadores atirem com precisão e decorem qual zumbi atacará primeiro.

Perder um dos personagens compromete a pontuação final de cada ato; enquanto salvar todos contribuirá para benefícios extras, como recuperação de HP, pontos e troféus. Além disso, os cenários estão lotados de caminhos secretos e alternativos, estruturas quebráveis e outras novidades, exigindo que um novo gameplay seja iniciado para realizar uma exploração completa e descobrir todos os segredos da mansão.

Cansativo e repetitivo? Não mesmo!

Em 30 minutos, os jogadores devem atirar sem parar em todo tipo de zumbi, para buscarem pontuações mais altas para reabastecer vida e permanecer no game. Assim como nos fliperamas, The House of the Dead Remake funciona a base de “Continues”, mas caso o número de mortes extrapole as “fichas” disponíveis, o prosseguimento na campanha será pago com os pontos obtidos.

Com o pouco tempo de duração, o título lembra mais uma tech demo onde é possível experimentar algumas novidades, mas funciona de forma redonda e passa o sentimento de completude. Além disso, atirar nos monstros permanece divertido e entrega sensações satisfatórias, tanto pelo excelente trabalho técnico quanto pela remoção dos conceitos de “esponjas de bala”.

O impacto dos tiros é legal e contribui para uma imersão ainda maior, especialmente pela proposta do game ser exatamente essa: colocar o público em uma situação de vida ou morte. Por esse lado, o jogo é bastante acessível para quem busca uma jogatina rápida e sem compromisso.

Um é bom. Dois é melhor e mais fácil?

Assim como nos fliperamas, The House of the Dead Remake conta com modo campanha para dois jogadores e permite a exploração completa da história ao lado de um amigo, em cooperativo local. Essa integração não acrescenta dificuldade extra ou qualquer reajuste no comportamento de zumbis, sendo literalmente o modo fácil do jogo.

Porém, caso a dupla queira experimentar algo mais desafiador, é possível jogar a história principal nas dificuldades “Normal” e “Difícil”. Além disso, a MegaPixel Studio disponibilizou uma alternativa intitulada de “Horda”, que contém até 15 vezes o número de criaturas originais em uma campanha idêntica ao modo história.

Acessibilidade necessária

Como um port de fliperama, The House of the Dead Remake sofreu inúmeras melhorias de acessibilidade e adaptação para consoles. No menu de configurações, é possível definir a aparição e tamanho da HUD, sensibilidade da mira, tempo de recarga automática e outros detalhes — sensor de movimento ajuda muito. Entretanto, tudo no game se resume a apertar “X” ou “R2” incansavelmente e poucas dessas mudanças realmente fazem a diferença no gameplay.

cptura de tela de the house of the dead remake
Fonte: Reprodução

Com isso, é necessário apenas poucos minutos para que os dedos e braços comecem a doer ou criar incômodo. A ação é curta, mas também é fisicamente exaustiva, sem oferecer qualquer descanso nos trilhos ou alívio através de novas cenas de animação, história melhor elaborada ou pausas programadas para tornar mais suave a experiência do usuário.

Logo, os jogadores podem sentir a ausência de conteúdos opcionais, como armas automáticas — apenas segurar o “X” para atirar —, itens para dinamizar a jogatina e implementações. Assim, é possível afirmar que o remake permanece fiel à risca em comparação ao título original, mas também em relação a uma época em que pouco — ou quase nada — era discutido sobre acessibilidade em jogos.

The House of the Dead Remake: vale a pena?

The House of the Dead Remake soube respeitar a nostalgia do público, mas pecou com a falta de ambição. O título traz áreas secretas e novas formas de se obter pontos, mas se resume ao mesmo jogo de quase 30 anos atrás, sem novas animações, conteúdos significativos ou expansões de jogabilidade.

Apesar do bom trabalho técnico, o jogo se mantém em uma área comum e não se aproveita dos novos hardwares. Isso quer dizer que a beleza está lá, mas também poderia ter sido vista sob a ótima de uma geração de PlayStation 3, por exemplo.

O remake de The House of the Dead cumpre seu propósito, tanto por sua campanha rápida quanto pelo modo de dois jogadores. Porém, é importante jogá-lo sem grandes expectativas e buscando apenas se divertir — especialmente pela duração curta.

Veredito

The House of the Dead Remake
The House of the Dead Remake

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: MegaPixel Studio

Jogadores: 1 ou 2

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70 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Física aprimorada
  • Gráficos e sons totalmente retrabalhados
  • Jogabilidade mais suave
  • Modo de jogo adicional e coop
Desvantagens
  • Falta de conteúdos adicionais
  • Ausência de mais recursos de acessibilidade
  • Sem suporte a cooperativo online
  • Durabilidade curta
André Custodio
André Custodio
Redator
Publicações: 7.977
Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.