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Activision Blizzard é processada por assédio e discriminação no local de trabalho

Um órgão governamental da Califórnia investigou a empresa por dois anos antes de dar entrada com o processo — um documento de 29 páginas

por Valdecir Emboava
Activision Blizzard é processada por assédio e discriminação no local de trabalho

Uma agência governamental da Califórnia (DFEH) está processando a Activision Blizzard pela prática de “frat boy” (menino de fraternidade, em tradução livre) de empregados do sexo masculino no ambiente de trabalho. O termo está atrelado à discriminação de gênero, colocando diversas funcionárias da empresa em situações de “assédio sexual constante”. A reportagem original foi publicada pela Bloomberg Law.

Após dois anos de investigações por parte do órgão californiano, o processo foi aberto nesta terça-feira (20) em um tribunal de Los Angeles. O documento de 29 páginas alega que a empresa — e suas subsidiárias, incluindo a Blizzard — permitem o sexismo e discriminação generalizados. Relatos de funcionários e ex-funcionários nas redes sociais corroboram com as informações do processo.

Evento da Activision Blizzard.

As investigações constataram que apenas 20% dos funcionários da Activision Blizzard são mulheres, com poucas delas alcançando cargos relevantes na companhia — isso sem mencionar o fato de receberem menos se comparado aos homens.

Segundo o documento, mulheres pretas eram os alvos mais vulneráveis ​​das práticas discriminatórias. Em contexto geral, poucas eram encorajadas a prestar queixas no RH, pois os empregados dessa sessão estavam “do lado dos assediadores”.

Os relatos tornam-se cada vez piores com a descrição do chamado “engatinhamento do cubo”. Nessa prática, empregados do sexo masculino ingeriam muito álcool enquanto rastejavam pelos vários cubículos do escritório, se envolvendo em comportamentos inadequados com as funcionárias.

Escritório da Activision Blizzard

Entre os principais assediadores da Activision Blizzard mencionados, temos nomes como J. Allen Brack, presidente da Blizzard que facilitava a prática do “frat boy”, e o ex-diretor criativo de World of Warcraft, Alex Afrasiabi — classificado como um “assediador de alto nível”.

Activision Blizzard nega acusações

Em comunicado ao The Verge, a Activision Blizzard negou as acusações descritas no documento, dizendo ser “distorcidas e, em muitos casos, falsas”:

Valorizamos a diversidade e nos esforçamos para promover um local de trabalho que oferece inclusão para todos. Não há lugar em nossa empresa ou setor, ou em qualquer setor, para conduta sexual imprópria ou assédio de qualquer tipo. Levamos todas as alegações a sério e investigamos todas as reclamações. Nos casos relacionados à má conduta, medidas já foram tomadas para solucionar os problemas.

Além disso, a declaração da empresa também classifica o processo como um “comportamento irresponsável de burocratas estaduais irresponsáveis ​​que estão expulsando muitos dos melhores negócios do estado da Califórnia”.