Review

Little Nightmares II: vale a pena?

Jogo retorna com uma experiência cheia de tensão e um gameplay aprimorado

por Raphael Batista
Little Nightmares II: vale a pena?

Little Nightmares II conta com tudo aquilo que uma sequência deve apresentar: um jogo maior, com mecânicas melhor desenvolvidas e uma história para expandir o universo sem perder a identidade.

A nova publicação da Bandai Namco oferece uma experiência similar ao primeiro, principalmente pela narrativa de terror focada na subjetividade, mas não se deixe enganar pelo visual. Little Nightmares II é um jogo de terror bem introspectivo.

Horror

O intuito do game é colocar personagens infantis em desafios bizarros e assustadores. Os vilões e cenários intimidam por suas características desconfiguradas e tamanhos desproporcionais, como se fossem retirados de um verdadeiro pesadelo.

Por outro lado, esta mesma sensação é amenizada pela interação entre personagens. Dessa vez, a história narra a jornada de Mono, um pequeno rapaz que encontra Six (antes dos eventos do primeiro game) e ambos lidam com vários desafios.

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A fotografia do jogo sempre impressiona.

Os jogadores visitam locais variados, desde centros urbanos até uma escola, com o objetivo de sobreviver. Embora a interação entre Mono e Six seja bacana, apenas o menino pode ser controlado pelo jogador, enquanto a menina fica responsável em levantá-lo para plataformas maiores ou segurá-lo após um salto.

Nesse quesito, a mecânica do jogo parece superficial. A Six está presente em toda a experiência apenas como parte da história, mas pouco afeta a jogabilidade. A possibilidade de alternância traria um charme a mais para os desafios, mas isso não acontece.

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O jogador controla apenas o Mono enquanto a Six executa as ações pela inteligência artificial.

Quando o menos é mais

A simplicidade de Little Nightmares II é uma característica positiva. O jogo é quase que totalmente estruturado através da exploração dos cenários na perspectiva lateral com alternância para uma visão de frente (principalmente nas perseguições intensas).

Os jogadores precisam solucionar enigmas e se esconder dos bizarros vilões que perambulam pelos locais. A dificuldade não é elevada e o sistema de salvamento automático ajuda bastante quando um deslize é cometido, já que o herói renasce perto de onde faleceu.

Os quebra-cabeças são divertidos e o jogo recompensa os verdadeiros exploradores, principalmente com os novos elementos chamados de “Chapéus”, que personalizam a cabeça de Mono.

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Explorar e solucionar puzzles é como o gameplay desenrola.

Nessa sequência, os desenvolvedores adicionaram um sistema de combate bem simples que funciona na base do timing dos inimigos e da ação dos personagens e isso fica mais útil nas lutas finais.

O que conta mesmo é a atmosfera

O objetivo de Little Nightmares II não é oferecer barreiras desafiadoras ou colocar os jogadores em uma sobrevivência ao estilo de Resident Evil, mas sim, de encarnar uma atmosfera tensa e vil. Isso é possível graças a dois elementos do jogo: o visual e a trilha sonora.

Por mais que os gráficos do título sejam um tanto quanto caricatos, os monstros trazem um desconforto constante pelas suas formas bizarras. Somado a isso, a perspectiva lateral ajuda na sensação de tornar as criaturas ainda maiores enquanto os protagonistas são apenas crianças indefesas.

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O clima do jogo é sempre muito tenso.

O vídeo não seria nada sem o áudio e toda a composição do game auxilia nessa atmosfera de terror. Sem spoilers, mas o capítulo três do jogo é o mais assustador em razão da trilha sonora que permite a criação de um espaço vazio visualmente, mas ao mesmo tempo, cheio de criaturas que se movem pelas sombras.

É válido destacar que o estilo da narrativa também contribui para essa atmosfera. A história é subjetiva, permitindo que os jogadores interpretem de forma individual. Por mais que seja frustrante em certos momentos, por não oferecer uma explicação lógica, ela também acaba tornando o clima muito mais assustador.

Essa forma de conto é vista nas histórias de Lovecraft, que não possuem explicações mirabolantes e racionais, mas as coisas são o que são. Em Little Nightmares II, os jogadores não têm esclarecimento para certos eventos e consequências.

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Personagens bizarros, cenários desproporcionais e o terror constante marcam a experiência.

Little Nightmares II: vale a pena?

Little Nightmares II pode ser considerado um “indie de luxo”. É um game de terror que cumpre seu papel ao trazer desconforto aos jogadores por causa dos monstros bizarros e pelos cenários cheios de tensão. Por mais que não apresente várias mecânicas inéditas, todos os controles, física e puzzles estão melhores e mais divertidos.

O problema em si está no custo-benefício do produto. Na PlayStation Store, o jogo é vendido por R$ 159,99, o que pode afastar muita gente por conta da quantidade de conteúdo que a história oferece. É possível concluir a jornada de Mono e Six em seis horas e não há atrativos adicionais in-game a não ser para aqueles que gostam de buscar a platina.

É um jogo que merece estar no radar dos amantes do gênero de terror e indie, sendo uma boa experiência com mistos de sentimento desde empatia até o mais puro pavor.

Veredito

Little Nightmares 2
Little Nightmares 2

Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5

Desenvolvedor: Bandai Namco

Jogadores: 1

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80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Clima de terror tenso
  • Física e gameplay funcionam muito bem
  • Trilha sonora imersiva
  • Mecânicas melhoradas e novidades de personalização
  • Gameplay simplificado atrai todo tipo de jogador
Desvantagens
  • Duração curta
  • Puzzles fáceis demais
Raphael Batista
Raphael Batista
Publicações: 7.024
Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.