Cloudpunk: vale a pena?
Quando Minecraft e Death Stranding se encontram para formar um mundo intrigante
Se fosse possível definir Cloudpunk em uma única frase, ela seria: “o resultado de um casamento entre Death Stranding e Minecraft que surfaram na hype de Cyberpunk 2077“. Isso porque o jogo possui o visual em cubículos bem parecido com o título da Mojang, conta com a mesma premissa do último game de Hideo Kojima e tem todo esse universo distopico futurista.
Não quer dizer que Cloudpunk seja uma cópia de outras ideias, até porque o jogo tem um mundo bastante intrigante com uma história boa. Seria um ótimo jogo independente criado pela IOS LANDS, se não fosse pelo péssimo desempenho no PS4 e pela falta de conteúdo para a diversão.
O futuro nos encanta…
Cloudpunk apresenta a história de Rania, uma jovem que acabou de se mudar para a intensa cidade cyberpunk Nivalis que é toda suspensa no ar. Ela entrou para a empresa “Cloudpunk”, especialista em entregas de pacotes que não questiona o porquê ou para quem, apenas faz o serviço em um mundo suspeito.
É a mesma premissa de Death Stranding: vá até um ponto, colete o objeto e viaje até o destino para entregar a remessa. No entanto, em vez de explorar mundo a pé ou com sua moto, o jogador utiliza o HOVA, um carro planador que precisa de reparos constantes e de gasolina para rodar.
O conceito básico pode até desanimar inicialmente o jogador que espera algo diferente em Cloudpunk, mas o que sustenta toda a jornada é justamente a narrativa. Rania é uma jovem inquieta e, por isso, não se contenta com respostas roteirizadas vozes robotizadas.
Consequentemente, perguntas indesejadas são reprimidas, e ela precisa lidar com toda sua curiosidade enquanto precisa do trabalho para ter o que comer.
…ou nos desencanta?
Durante toda a história, a protagonista se depara com situações complicadas que levarão a consequências diferentes. Entregar o pacote de um remetente morto à família ou devolver o objeto à empresa porque ela constatou a falta de pagamento do serviço? Vender uma peça estragada para conseguir míseros dinheiros ou tentar fazer a entrega mesmo assim? O tempo todo o jogador é colocado em pontos de escolha para direcionar a narrativa.
É interessante como o enredo cativa a ponto de questionar se estão fazendo o correto e a buscarem pelas respostas, assim como a protagonista curiosa deseja.
Bem diferente de Cyberpunk 2077
Cloudpunk não oferece um mundo cheio de personalização ou exploração. Os jogadores podem até customizar o HOVA que utilizam para o trabalho e comprar itens para enfeitar a casa de Rania, mas não há muitas atividades para realizar além da história.
É possível encontrar NPCs que dão trabalhos paralelos, mas são missões sem nenhum impacto ou relação com a personagem principal.
Como Nivalis é uma cidade suspensa, a exploração acontece quase toda dentro do carro de entregas. No entanto, a personagem pode sair em pontos específicos de plataformas e andar a pé. Nesse momento, dá para comprar itens, conversar com as pessoas, buscar por itens despejados
O jogador só sente a necessidade de sair do veículo justamente para entregar o pacote nos marcos. Não há incentivos para explorar cada detalhe do jogo – a não ser que você seja um caçador de troféus em busca das tarefas secundárias para completar todos os objetivos.
O jogador se sente muito limitado dentro do game, obrigado a se divertir exclusivamente durante a campanha principal. Fazendo toda a lore e a exploração em Nivalis ser descartada rapidamente.
Um desempenho prejudicado
Infelizmente, a boa premissa e as qualidades de Cloudpunk são facilmente deixadas de lado em razão do desempenho do título. Mesmo com a atualização 1.02 disponibilizada no dia 29/10, os jogadores podem passar por situações delicadas a ponto de perder todo o progresso.
Os primeiros problemas já são visíveis logo nos primeiros minutos de jogo: o título trava bastante para rodar, principalmente quando o jogador está dentro do HOVA para entregar as encomendas – que é a experiência principal do game.
A renderização sofre para se completar frequentes e o carrinho futurista vira quase um fusca engasgando por falta de água no motor.
O segundo problema é sobre os tempos de loading. Na porta de uma nova geração em que as promessas são “reduzir quase completamente os carregamentos”, é frustrante precisar esperar a barrinha de 100% ficar completa (mesmo que seja por alguns segundos) conforme o jogador entra a cada nova área da cidade.
Como se não bastasse, Cloudpunk ainda vem com um bugs que causam o progresso do jogo. Em determinada missão, todos os diálogos anteriores podem reaparecer e impossibilitar a continuidade da história, exigindo o recomeço da jornada.
O futuro pode entristecer
Infelizmente, o potencial de Cloudpunk é desperdiçado pelas falhas técnicas e pela falta de conteúdo em geral. É um título “curioso”, que faz o jogador ficar interessado no desenvolvimento da história e dos personagens, mas não se sustenta sozinho.
Com ótimas ideias do mesmo gênero na mesma janela de lançamento, como Ghostrunner ou Cyberpunk 2077, o jogo fica aquém daquilo que poderia ser, ainda mais por estar chegando bem no final da geração atual.
Além disso, fica a expectativa para um suporte melhorado da desenvolvedora para corrigir todos os problemas encontrados e melhorar a experiência de quem quiser se aventurar neste mundo cubiculado cyberpunk.
Veredito
Vantagens
- Mundo intrigante
- Tema cyberpunk acessível para todas as idades
Desvantagens
- Desempenho muito ruim
- Falta de conteúdo
- Bugs que atrapalham a experiência
- Diversão limitada à campanha