MediEvil: vale a pena?
Acenda a chama da nostalgia!
O remake de MediEvil finalmente chegou. No período correto, inclusive. Seria inocente dizer que o time da Other Ocean escolheu por acaso, o fim de outubro para lançar esse game. Esta é a época do Halloween, quando as crianças nos Estados Unidos escolhem suas fantasias assustadoras para recolher doces em suas vizinhanças.
MediEvil é a união do simples com o desafiador, com um toque de Dia das Bruxas. Nele, você controla um esqueleto, que arranca cabeças de monstros como: zumbis, sapos e espantalhos (além de abóboras). São inimigos que pelo nome, parecem fáceis de enfrentar, certo? Bem, aí que as coisas ficam interessantes.
A história do fracassado Sir Daniel Fortesque
MediEvil acontece no reino de Gallowmere. No passado, Sir Daniel Fortesque foi o guerreiro que liderou as defesas do local contra Zarok, um temível mago que jurou vingança contra o rei. Na batalha, as forças humanas repeliram o vilão, mas isso custou a vida de Sir Dan.
O tempo passou, e todos em Gallowmere saudaram o protagonista como herói. O que eles não sabiam, no entanto, é que tudo não passou de uma farsa. O cavaleiro foi o primeiro a cair no campo de batalha, após tomar uma flechada. E não só isso: Zarok não havia sido derrotado definitivamente naquele.
Cem anos depois, o vilão saiu de seu calabouço para fazer o reino entrar em um novo caos. Todavia, seu plano acabou trazendo de volta também o velho adversário: Sir Dan. Agora, sendo apenas um esqueleto, cabe a ele fazer jus ao que os livros de história contam e acabar com Zarok de uma vez por todas.
O enredo, obviamente, não é o ponto forte do jogo. Há de se considerar, que por ser um remake, a Other Ocean fez um belo trabalho em recontar a história de forma clara, e que todos possam entendê-la. Destaque para localização em nosso idioma.
Abóboras não são apenas enfeites de Halloween
Gallowmere é um reino conhecido por sua plantação de abóboras, uma das principais fontes de alimento dos habitantes de lá – e tradicional decoração de Halloween. Bem, agora elas são muito mais que isso, e tornarão as vidas dos jogadores bem complicadas.
Todos os inimigos precisam ser tratados com cautela. Sir Dan é bem vulnerável as investidas adversárias. Talvez por ser um esqueleto, até morcegos, que morrem com apenas um balanço da espada, lhe causam danos consideráveis. Obviamente, o game não deve ser comparado a série Souls – ainda que ofereça escudos -, mas é bem desafiante.
Os melhores equipamentos tornam as coisas mais fáceis, mas eles só podem ser acessados quando você completa os cálices de almas e os troca por armas dos guerreiros do passado. Então não adianta muito fugir das lutas.
Uma das coisas mais legais da jogabilidade é a possibilidade de se usar diversas armas. Sejam espadas, clavas, arcos ou martelos, todas possuem ataques únicos e expandem a maneira com que cada jogador se adapta. Por exemplo, apesar de rápidas, as lâminas podem não causar tanto dano.
Mas o jogo traz também alguns problemas observados no original de 1998. A câmera é o principal deles. Já havíamos citado este porém na demo, e isso acabou se estendendo para a versão final. São muitos os momentos de morte porque, enquanto você tenta escapar do inimigo, a câmera se posiciona contra a parede, tirando totalmente a sua noção de posicionamento.
A movimentação esquisita do personagem também pode não agradar a todos. O herói se locomove de maneira desengonçada e até ultrapassada. Ainda que um esqueleto não tenha tanto “corpo”, falta peso no controle.
E não se engane. O jogo não é fácil. MediEvil preserva as características dos jogos dos anos 90. Não há checkpoints e, caso o jogador morra, tem de voltar ao início. Além disso há um controle de vida por frascos. Caso você chegue até um chefão sem recursos, encontrará dificuldades.
Não é uma mecânica que desmerece o jogo. Só lhe é peculiar e talvez não agrade a todos os paladares. Afinal, a maioria dos títulos atuais conta com sistemas de progresso mais acessíveis.
MediEvil em HD
Quem jogou o game original nos anos 90 não tinha tanto do que reclamar dos gráficos na época. Algo que também não deve acontecer em 2019. O jogo está bem bonito e até permite novas perspectivas.
Na fase “O Lago”, por exemplo, criaturas com quatro patas apareciam se o jogador era pego no raio de visão do detector. Elas eram praticamente caranguejos com patas verdes. Na versão atual, dá para identificá-los: são espécies de tartarugas-humanoides que se escondem em um casulo.
O jogo já dá uma boa dica logo na primeira fase: usar a “Dan Cam” (Câmera do Dan), segurando R2. Ela se posiciona atrás do personagem e você consegue observar a bela e assombrosa paisagem de Gallowmere. Para quem gosta de “perder” tempo observando pequenos detalhes, vale a pena.
Os efeitos de luzes, repaginação dos cenários, paleta de cores mais trabalhada e animações agradam. Só não espere encontrar em MediEvil visuais de altíssimo nível como em God of War, Red Dead Redemption 2, Uncharted 4 e outros grandes blockbusters. É um jogo simples que cumpre seu papel.
Vale a pena levar Sir Daniel à glória eterna?
Apesar dos problemas com câmera, mecânicas não tão condizentes como os jogos de 2019 e outros detalhes, MediEvil é bem divertido e deve agradar aos fãs do clássico e até atrair novos adeptos.
Quem viveu a grande jornada de redenção de Sir Daniel Fortesque no PlayStation One tem uma bela oportunidade para acender a chama da nostalgia. Aos novatos, não esperem um enredo memorável, mas sim grandes desafios e muita diversão com um estilo de jogo old school, mas capaz de agradar o público atual.
Claro que se você olhar o remake comparando com a recriação feita pela Capcom em Resident Evil 2, não vai se impressionar em quase nada. Ele deve ficar mais próxima do que vimos em Shadow of the Colossus, Crash Bandicoot e afins.
Veredito
MediEvil
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Other Ocean Interactive
Jogadores: 1 Jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Muito divertido
- Localização em PT-BR
- Nostálgico
- Visual atualizado
Desvantagens
- Câmera ruim
- Pode ser frustrante para iniciantes
- Curto