Review

Borderlands 3: vale a pena?

Spoiler: é recomendado!

por Raphael Batista
Borderlands 3: vale a pena?

Caótico, insano, “fora da casinha”. Todas essas expressões fazem parte do grande conceito de Borderlands 3. Contudo, há um simples elemento que é capaz de resumir muito bem a experiência do jogo: diversão.

Sete anos desde o último jogo da série principal, o novo título da famosa série da Gearbox consegue entregar um produto maior, em todos os sentidos, do que seus antecessores. Dá para dizer, por exemplo, que tudo de certo na franquia está de volta com uma jogabilidade mais refinada.

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Só que Borderlands 3 não é isento de problemas. Na verdade, são alguns – e incomodam bastante. Mesmo assim, é um jogo divertido, tanto para os fãs quanto para os novatos.

Uma história insanamente clichê

Borderlands 3 não tem medo de apostar no absurdo. Todas as suas características, desde a jogabilidade até os diálogos entre os personagens, são pautadas na insanidade. E é esse o “charme” da franquia. O jogo não se preocupa em ser coerente ou realista, apenas deseja divertir o jogador.

Essa característica permite que a experiência seja atrativa também para os seus novos fãs. Quem não jogou os títulos passados não precisa ficar preocupado. A história não tem uma ligação direta com os games anteriores, apesar de contar com os mesmos personagens e algumas referências.

O enredo é bem clichê. O jogador assume o papel de um novo Caça-Arcas que se alia aos Saqueadores Rubros cujo objetivo é salvar o universo da ambição dos irmãos Calypso. Basicamente, é isso. Não tem reviravoltas e as “revelações” da narrativa são bastante previsíveis.

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Velhos conhecidos retornam, novos personagens apresentam e a história não foge do clichê heroico.

Não espere nada muito elaborado, porque a história serve apenas como um pano de fundo para o gameplay.

Personagens atípicos

Alguns personagens se destacam e outros são “irritantes”. Como o jogo aposta na ideia de extremidades, as personalidades também entram nesse estilo.

Os antagonistas, Tyreen e Troy Calypso, são insuportáveis. Talvez seja uma característica ideal para vilões, mas no caso deles, não era. Eles simulavam o comportamento de duas crianças em busca de poder. Apesar de serem maldosos, não cativam o jogador e nunca aparentam ser uma ameaça real para o universo.

A cada cena com eles, a vontade é a mesma: matá-los.

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Se a Gearbox queria criar vilões irritantes, a missão foi bem-sucedida.

Por outro lado, alguns aliados do Caça-Arcas são divertidos. Claptrap, o icônico robôzinho, tem os diálogos mais engraçados do jogo. Lilith, líder dos Saqueadores Rubros, demonstra um senso de heroísmo e liderança admiráveis. Typhon deLeon, o primeiro Caça-Arcas, tem suas histórias aventureiras como destaques.

Os próprios Caça-Arcas selecionáveis são personagens que funcionam bem. Escolhi o FL4K, o Domaferas, e sua personalidade contribui para boas risadas durante a história. Como ele é um robô sem sexo, suas falas são sempre racionais em meio aos diálogos passionais. O resultado não poderia ser mais hilário.

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Amara, Zane, FL4K e Muse possuem personalidades e habilidades únicas.

Uma coisa que incomoda é a sensação que as custscenes passam. Embora o jogador assuma o Caça-Arcas, um papel que é importante para a história, ele/ela nunca aparece nas cinemáticas. É como se a história acontecesse independentemente das suas ações.

Tempero brasileiro

O jogo é o primeiro da franquia a ser localizado para o PT-BR, e o trabalho não poderia ter tido um melhor resultado. Além da tradução competente dos diálogos, é interessante notar a adaptação de piadas americanas para o contexto brasileiro.

Os troféus, as conquistas, as missões, são vários os textos que possuem referências para a comunidade brasileira. Por exemplo: um dos desafios é “causar dano incendiário” e o nome dessa conquista é “Tá pegando fogo, bicho”referência ao Faustão. Outro caso foi o nome da missão “Caçadores da Arca Perdida”referência ao filme do Indiana Jones.

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Essa localização é um trabalho de qualidade.

Se você nunca jogou Borderlands pela desmotivação em entender a longa história com os diálogos norte-americanos, Borderlands 3 é uma oportunidade ideal – que agrada todos os brasileiros!

Gameplay frenético

Borderlands 3 não está preocupado com as críticas ou elogios para o enredo e para a ambientação. O foco do jogo encontra-se no gameplay, e é isso que faz tudo funcionar. O gênero “shooter looter” resume bem o conceito geral da experiência: mate para obter os melhores equipamentos. É isso. Sem enrolações ou mecânicas elaboradas.

A regra de ouro em Borderlands 3 é: “atire primeiro, pergunte depois”. Não há quaisquer preocupações em ser político ou diplomata. Na dúvida, use ainda suas melhores granadas juntamente com as armas poderosas.

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Sem lenga lenga. Atire, porque todos são hostis.

A jogabilidade possui um teor bastante viciante por oferecer confrontos desafiadores e, quanto maior o inimigo, maior são as chances de um loot mais raro. É uma relação constante na exploração dos mundos do jogo e que o torna tão divertido.

Vamos tratar, primeiramente, sobre a jogabilidade dos Caça-Arcas. São quatro opções selecionáveis e cada um possui árvores de habilidades únicas. Os poderes podem ser melhorados a cada nível upado e é possível construir builds em diferentes focos: dano, suporte, tanque.

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São 3 árvores de habilidades com poderes focados em atributos únicos.

Apesar do jogo não se preocupar em oferecer elementos típicos do gênero RPG, o jogador consegue personalizar o próprio estilo de jogo do herói com as habilidades, skins e, claro, as armas.

Os equipamentos retornam com traços mais absurdos. As armas parecem ser um “amontoado” de diversas partes que resultaram em itens esteticamente feios, mas poderosos. Um fator interessante é o tiro alternativo inserido no jogo.

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Cada arma possui elementos únicos e um visual divertido.

Além disso, algumas armas possuem a capacidade de mudar o formato, favorecendo a variedade da jogabilidade.

Haja paciência

É importante ressaltar que Borderlands 3 vai exigir do jogador a constante pausa para abrir o inventário e analisar os equipamentos obtidos. Em cada missão principal (que dura muito tempo), será preciso abrir a mochila umas 5x para ver se obteve um item melhor. Isso não é opcional, é obrigatório.

Esse elemento quebra, muitas vezes, o ritmo frenético do jogo. Ainda mais porque a interação com os menus é travada – falaremos sobre a performance daqui a pouco.

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Pode se preparar, será preciso muitos minutos investidos na escolha dos melhores equipamentos.

O que ele também “pede” dos jogadores é paciência para explorar. O tempo de conclusão da campanha para essa análise foi cerca de 40 horas (deixando missões secundárias para trás). Ao término da história principal, novos conteúdos liberam com outro formato.

O jogo não é ideal para quem busca uma experiência objetiva. As missões secundárias auxiliam no aumento do nível e busca por loot melhores, mas não contribuem para a história. Elas expandem o conhecimento sobre personagens ou sobre o mundo, mas não são tão significativas.

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Com mais de 40 horas, ainda há muito o que fazer em Borderlands 3.

São objetivos engraçados – e talvez, isso já seja o suficiente.

O grande diferencial

O que verdadeiramente se destaca no jogo é o incentivo para a experiência cooperativa. O shooter funciona de forma divertida quando está no modo solo, mas jogar com os amigos fica ainda melhor. Os desafios são escalonados, os equipamentos podem ser compartilhados e a insanidade toma proporções ainda maiores.

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O desempenho não fica excelente, mas não tira a diversão de jogar juntos!

Um dos recursos legais do jogo é a possibilidade de usar o modo split-screen para causar a destruição juntamente com seu amigo, vizinho, irmão, parente. O videogame sofre um pouco com os momentos mais intensos, mas não tira o brilho da experiência.

Uma performance caótica

Mas nem só de qualidades vive um jogo. Embora Borderlands 3 não apresente gráficos estonteantes devido ao seu estilo cartunesco, o desempenho do jogo tem momentos sofríveis. Como já dito anteriormente, abrir o menu de habilidades é sempre um momento para tomar um cafézinho.

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Sem contar as vezes que os personagens ficaram “presos” em objetos e foi preciso reiniciar o jogo.

O sistema demora pra carregar e teve momentos que travou o jogo. Além disso, em momentos mais intensos da jogabilidade, o PS4 padrão não dá conta. Os frames caíram e a movimentação ficou bastante prejudicada. Foi preciso se afastar de toda a confusão para eliminar os inimigos aos poucos e assim conseguir avançar no cenário.

Felizmente, são raros os momentos que as engasgadas aconteceram. No entanto, os bugs e a demora para a renderização são constantes. Objetos embaçados que demoram a ficar com a resolução correta idem. A cada novo mundo, cada cenário descoberto, é possível ver os gráficos dos ambientes, personagens, carros, armas sendo “carregados”.

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Constantemente, os cenários são carregados aos poucos.

Mesmo com um update recentemente lançado, a performance não evoluiu. A agilidade dos menus até teve uma melhora, mas o processamento de informações continua lento.

A trilha sonora é um caso peculiar. Fases especiais contam com músicas bastante temáticas e que funcionam corretamente. Em um dos casos, um chefão “DJ” mostra suas habilidades, e a trilha embala o tiroteio. No entanto, no restante do jogo, as composições ficam aquém do esperado. O áudio poderia contribuir significantemente com a experiência shooter.

Pegue suas armas, Caça-Arcas

Com uma variedade de armas e uma grande quantidade de possibilidades na construção das builds, a experiência de Borderlands 3 oferta o que de melhor aconteceu nos jogos anteriores. Não apresenta grandes inovações, mas entrega o que os fãs esperavam: diversão e explosão num mundo insano.

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Loot, loot everywhere!

Quem jogou os títulos anteriores vai se sentir bastante “em casa”. As mecânicas são familiares. Mas os novatos da série não demorarão para pegarem os truques e causarem o máximo de dano no universo.

Borderlands 3 peca no desempenho, quebrando bastante o ritmo. É o principal ponto negativo que impede do título apresentar uma performance sem manchas. Os updates prometem corrigir isso – e a comunidade espera pelas atualizações o mais breve possível.

Pelo conteúdo apresentado e as expansões programadas, não é difícil imaginar que o game consiga ser um dos candidatos para o melhor jogo shooter do ano.

Com a diversão e a insanidade como estruturas básicas da experiência, o título é Recomendado para todos aqueles que buscam um shooter para evoluir, jogar com os amigos e buscar por melhores equipamentos.

No fim das contas, ele merece as botas notas que recebeu mundo afora – e agora ganha mais uma do Meu PS4. Para a sua proposta, ele é, sim, recomendado.

Veredito

Borderlands 3
Borderlands 3

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Gearbox Software

Jogadores: 2 jogadores online

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80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Divertido
  • Localização brasileira
  • Conteúdos
  • Experiência cooperativa
  • Variedade de armas, personagens e habilidades
Desvantagens
  • Desempenho
  • Bugs que impedem o progresso
  • História clichê
  • Renderização travada em diversos momento
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.